Existem inúmeras alternativas para melhorar os sintomas da depressão, um deles estava sendo cotado como promissor, a técnica conhecida como estimulação cerebral de corrente contínua (tDCS).
Conforme Dr. André Buroni, livre-docente do Departamento de Psiquiatria da FMUSP e diretor do Serviço de Neuromodulação Interdisciplinar do Instituto, este tratamento auxilia na estimulação cerebral utilizando-se da corrente contínua. A partir disso, coloca-se o aparelho sobre o córtex dorsolateral pré-frontal do paciente, que é uma área que apresenta atividade diminuída em pessoas com depressão.
“Pessoas deprimidas têm uma hipoatividade do cérebro nessa área em especial, e em várias outras também. Acreditava-se que o mecanismo de ação da estimulação aumentaria a atividade cerebral nessa área, porém este efeito não foi comprovado ainda”, disse Dr. André.
Estudos da USP
Estudos recentes feito por pesquisadores da USP demonstraram que a eficácia deste tratamento é inferior a de um medicamento antidepressivo.
Participaram deste estudo 245 pacientes, que guiaram-se pelo Dr. André Brunoni e equipe. Assim, a equipe dividiu aleatoriamente os pacientes em 3 grupos, um dos grupos foi tratado com tDCS e pílulas placebo, outro grupo foi tDCS simulado (“sham”) e o medicamento antidepressivo e o último recebeu tDCS simulado e placebo.
Foram 15 dias de tratamento com sessões de 30 min cada com o tDCS e depois uma vez na semana durante 7 semanas corridas, enquanto o antidepressivo era administrado diariamente durante três semanas.
“O resultado desta análise identificou que o tDCS não chega à metade da eficácia do tratamento medicamentoso. sendo assim ele não deve ser utilizado como referência para o tratamento da depressão.”
“Sabemos que a depressão hoje atinge de 12% a 14% da população mundial, e infelizmente é muito fácil de encontrar vídeos — faça você mesmo — com supostas técnicas caseiras de estimulação elétrica de corrente direta.O risco para o paciente é enorme porque além de ser algo improvisado envolvendo energia, o tratamento não é efetivo, já está provado que o medicamento é melhor do que o estímulo elétrico”, afirma o Dr. Brunoni.
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REFERÊNCIAS
Contra a depressão, uso de medicamentos é melhor que o de corrente elétrica: Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP
O artigo Trial of Electrical Direct-Current Therapy versus Escitalopram for Depression (doi: 10.1056/NEJMoa1612999a), de Andre R. Brunoni, Adriano H. Moffa, Bernardo Sampaio-Junior, Lucas Borrione, Marina L. Moreno, Raquel A. Fernandes, Beatriz P. Veronezi, Barbara S. Nogueira, Luana V.M. Aparicio, Lais B. Razza, Renan Chamorro, Luara C. Tort, Renerio Fraguas, Paulo A. Lotufo, Wagner F. Gattaz, Felipe Fregni e Isabela M. Benseñor, pode ser lido por assinantes do New England Journal of Medicine em www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1612999.
