A saúde mental da população sente os impactos do isolamento social e da crise de saúde, após quase cinco meses do início da epidemia de Covid-19 no Brasil. Ainda não há sinais de achatamento da curva de contaminação e, portanto, sem uma previsão de retomada de atividades de forma plena e similar ao “antigo normal”.
“O isolamento, o medo, a incerteza e a crise econômica – todos eles causam ou podem causar angústia psicológica”, declarou Devora Kestel, diretora do departamento de saúde mental da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo ela, a saúde mental e o bem-estar da sociedade têm sido severamente impactados pela crise e são uma prioridade abordada com urgência.
A pandemia está impactando as pessoas de diferentes formas. A Reuters, agência internacional de notícia, entrevistou médicos e enfermeiras dos Estados Unidos que estão trabalhando na linha de frente de combate ao vírus. Todos entrevistados contaram sentir ou ter algum colega com sintomas de pânico, ansiedade, luto, irritabilidade, entorpecimento, insônia e pesadelos.
Em paralelo, fora do setor de saúde, as pessoas também estão com a saúde comprometida por causa do atual cenário. Um relatório da OMS indicou que muitas pessoas estão sofrendo com impactos imediatos na saúde e com consequências do isolamento social. A população enfrenta o medo da contaminação, problemas financeiros e perdas de amigos e familiares sem ao menos poder se despedir.
Pessoas reagem de forma diferente a situações de estresse
A quarentena é fundamental para atenuar o contágio e evitar um colapso do sistema de saúde. Porém, não se pode ignorar os impactos que ela gera da saúde mental da população.
Como você reage a um cenário de pandemia pode depender das suas experiências, seu suporte familiar e de amigos, sua saúde e inteligência emocional. A comunidade onde você vive, sua situação financeira e muitos outros fatores também pode influenciar.
As mudanças causadas pela pandemia desde março podem afetar qualquer pessoa. Entretanto, podem ser mais impactadas pelo estresse pessoas do grupo de risco da COVID-19, crianças e adolescentes no isolamento, trabalhadores da linha de frente do combate ao vírus, pessoas que perderam seus empregos.
Também tem um risco maior de acarretar problemas de saúde mental pessoas que possuem alguma condição mental, pessoas que estão isoladas vivendo sozinhas ou em áreas rurais e alguns grupos raciais e étnicos minoritários.
A forma como a pandemia afeta diferentes níveis da sociedade mostra que se trata de um fenômeno que vai além do biológico. Neste momento, a saúde mental não pode ser deixada de lado. É preciso estar atento aos sinais de transtornos psicológicos para que se possa buscar a ajuda profissional necessária e tratamento.
Como diferenciar a ansiedade normal de ansiedade patológica
A ansiedade é uma das emoções mais presentes durantes do a pandemia de Covid-19. Em uma situação de crise, é normal ficar ansioso, porém é preciso estar atento aos sinais de um possível transtorno de ansiedade. Quando se trata de uma ansiedade patológica, é importante buscar ajuda profissional.

Saiba mais sobre os sintomas do transtorno de ansiedade.
Como diferenciar tristeza e depressão
Durante um período prolongado de afastamento de amigos e familiares, é normal que isso se reflita no humor. A falta de socialização e de perspectiva de retorno à normalidade pode causar tristeza. Mas, quando esse sentimento é persistente e interfere no dia a dia, pode se tratar de um quadro de depressão.

Saiba mais sobre os sintomas de depressão.
Busque ajuda para lidar com os transtornos psicológicos
Doenças psicoemocionais podem interferir no bem-estar e qualidade de vida. É muito importante buscar ajuda profissional e tratamento adequado. Assim, você controla os sintomas e impede que o transtorno interfira em diversos aspectos da vida.
O tratamento de doenças como depressão e transtorno de ansiedade, normalmente combinam psicoterapia e uso de medicamentos.
A psicoterapia pode ser realizada com psicológico ou psicoterapeuta. O profissional ajuda o paciente a entender e lidar com suas angústias.
Transtornos como esses afetam a química cerebral, por isso pode ser importante o uso de remédios. O tratamento medicamentoso é indicado por psiquiatra e busca controlar os sintomas.
Teste Farmacogenético para ansiedade e depressão
O teste farmacogenético é um exame que pode ser utilizado para guiar o tratamento de transtornos como depressão e ansiedade. O teste é um recurso da medicina personalizada que analisa como os genes do paciente interferem no desempenho dos medicamentos.
Avaliando aspectos como metabolismo, toxicidade e resposta, o exame indica quais medicamentos e dosagens tendem a ser mais eficazes e seguras para o paciente. É indicado para quem vai iniciar um tratamento ou que já tentou alguns medicamentos sem resultados significativos.
No Brasil, a GnTech realiza dois testes farmacogenéticos que abrangem fármacos utilizados em tratamentos de doenças do Sistema Nervoso Central, o PsicoGene® e o TotalGene®.
O PsicoGene® analisa 32 genes e 93 fármacos, abrangendo estabilizantes de humor, psicoestimuladores, antidepressivos, antipsicóticos e ansiolíticos.
Enquanto o TotalGene® é uma versão mais completa do exame, com análise de 60 genes e 172 fármacos, incluindo medicamentos das áreas de psiquiatria, oncologia, cardiologia, infectologia, entre outras. É indicado especialmente para quem quer ter à mão um mapeamento genético mais completo, que possa guiar diversos tratamento ao longo da vida.
Saiba mais sobre os testes farmacogenéticos.
Isolamento social pode aumentar taxa de mortalidade
Segundo a Administração de Recursos e Serviços de Saúde dos Estados Unidos (HRSA), o isolamento e solidão podem aumentar a probabilidade de depressão, pressão alta e morte por doenças cardíacas.
Esses sentimentos podem afetar também a capacidade do sistema imunológico de combater infecções, fator que merece ainda mais atenção durante a pandemia de COVID-19. “Estudos demonstraram que a solidão pode ativar o mecanismo natural de luta ou fuga, causando inflamação crônica e reduzindo a capacidade do corpo de se defender dos vírus”, explicou a organização.
Com o isolamento social por causa da pandemia, alguns dados preocupam. Por exemplo, o indicativo de que a mortalidade aumenta em 45% entre idosos que se sentem sozinhos.
Por tratar-se de grupo de risco, é importante que idosos sigam as recomendações de isolamento. Porém, é necessário que haja atenção e cuidado com a saúde mental da terceira idade.
Saiba mais sobre o transtorno depressivo em idosos.
Referências:
Reuters , Friocruz , OMS , CDC .