O que os Filmes do Oscar 2024 têm em Comum com a Saúde Mental?

por Ana Carolina Saldanha
13/03/2024 25/04/2024

A premiação do Oscar 2024 aconteceu no último domingo, dia 11 de março, e com ela a oportunidade de analisarmos os filmes que mais impactaram a indústria cinematográfica no último ano. Além disso, a qualidade técnica e artística, podemos ir além e explorar como esses filmes abordam a saúde mental, um tema cada vez mais presente em nossas conversas.

Nesta análise, vamos nos aprofundar em alguns dos filmes indicados ao Oscar e traçar paralelos entre seus personagens e diferentes condições de saúde mental. É importante ressaltar que, essa análise não é definitiva, mas sim um convite à reflexão sobre como o cinema pode retratar e conscientizar sobre as diversas nuances da mente humana.

 Anatomia de uma Queda: relação com depressão e suicídio


Em uma região montanhosa da França, a família composta por Sandra, Samuel e Daniel vive em reclusão. A morte súbita de Samuel, o pai, após uma queda do terceiro andar da casa, abala a rotina familiar. A investigação policial levanta a suspeita de que a morte não foi acidental, levando Sandra a julgamento.

No tribunal, segredos da vida familiar são revelados, impactando a relação entre Sandra e Daniel. A única testemunha do acontecimento, Daniel, por ser deficiente visual, não consegue determinar se a mãe é culpada ou se o pai se suicidou. A incerteza paira sobre o caso, enquanto a busca pela verdade se torna uma batalha entre a justiça e a memória fragmentada de um menino.

A relação do pai com álcool, medicamentos antidepressivos e a depressão também são alguns dos motivos que levam o espectador a ser induzido a pensar que ocorreu um suicídio. Entretanto, em vários outros momentos a dúvida volta á tona.

Barbie

Com a direção da talentosa Greta Gerwig e um elenco estelar liderado por Margot Robbie e Ryan Gosling, o filme indicado ao Oscar: Barbie, é uma experiência cinematográfica única.

A trama gira em torno da personagem da Barbie, que, ao perceber que a vida na Barbieland não é tão perfeita quanto parece, embarca em uma jornada de autodescoberta. Ao contrastar a cidade impecável da boneca com a realidade do mundo exterior, Gerwig tece uma crítica social sagaz, abordando temas relevantes como feminismo e saúde mental.

De forma leve e cômica, o filme explora as nuances da vida moderna, incluindo os desafios da ansiedade e da depressão.

A trama aborda temas como:

  • A busca por um ideal inalcançável de beleza e perfeição: A personagem de Robbie se depara com a pressão social para se encaixar em um molde irreal, levando-a a questionar sua identidade e valor.
  • Os estereótipos de gênero: O filme explora como os papéis tradicionais de gênero podem ser limitantes e prejudiciais, tanto para homens quanto para mulheres.
  • A importância da autoaceitação e da autoestima: A jornada da Barbie a leva a reconhecer suas qualidades e a aceitar suas imperfeições, aprendendo a amar a si mesma como é.
  • A busca pela felicidade e pelo sentido da vida: O filme questiona o que realmente importa na vida e como encontrar a verdadeira felicidade, indo além das aparências e do sucesso superficial.


Pobres Criaturas: Um Espelho Reflexivo da Saúde Mental

O filme “Pobres Criaturas”, indicado para várias estatuetas do Oscar, dirigido por Alexandro Landeiro e estrelado por Emma Stone, mergulha em um universo surreal onde a realidade se mistura com a fantasia. A personagem de Stone, Bella Baxter, vive em constante conflito com sua mente. Ela questiona, assim, a própria sanidade e os limites entre o real e o imaginário.

Através de uma narrativa não linear e rica em simbolismos, o filme explora diversos temas relacionados à saúde mental, convidando-nos a refletir sobre:

1. Ansiedade e Ataques de Pânico: Bella experimenta crises de ansiedade que se manifestam em ataques de pânico repentinos e incapacitantes. O filme retrata com fidelidade os efeitos físicos e emocionais desses eventos, como palpitações, falta de ar, medo intenso e descontrole emocional.

2. Depressão e Perda de Interesse: A personagem apresenta sintomas de depressão, como desânimo, apatia, perda de energia e desinteresse pelas atividades que antes lhe davam prazer. O filme mostra como a depressão pode afetar a vida. Isto é visto em várias esferas, como: social, profissional e pessoal.

Outro ponto, é que a construção do personagem de Emma Stone, é construído após o suicídio de uma mulher, que estava em depressão. E a partir desse acontecimento, um cientista começa a “construir” a protagonista, Bella Baxter.

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Os Rejeitados

No filme indicado ao Oscar, Angus Tully (Dominic Sessa) é um adolescente com problemas de saúde mental, que é obrigado a passar o recesso de natal no colégio interno onde estuda. Lá, ele convive com o professor de história Paul (Paul Giamatti), um antissocial que é encarregado de supervisionar o garoto a contragosto. À primeira vista, o aluno e seu professor são completamente opostos. Entretanto, a situação demonstra que eles podem ser mais parecidos do que imaginam – e é nesse contexto que os dois descobrem mais sobre si, enfrentando seus demônios pessoais.

“Os Rejeitados” surge como um filme crucial para entendermos como pessoas em luto navegam essa época festiva em meio a lutas internas complexas.

Mais do que mera identificação, o longa oferece um olhar cuidadoso sobre a melancolia, convidando-nos a refletir sobre sua natureza inerente ao ser humano e a necessidade de acolhê-la.

O filme indicado ao Oscar, nos convida a:

  • Compreender a melancolia como um sentimento humano legítimo: A dor da perda não se dissolve com o brilho das luzes natalinas. “Os Rejeitados” lembra que a melancolia é parte da vida e precisa ser respeitada.

  • Navegar pelas festas de fim de ano com compaixão por si mesmo: É fundamental reconhecer que a alegria não é uma obrigação e que está tudo bem se você não se sentir no clima festivo.

  • Encontrar apoio e conexão com outras pessoas: O filme demonstra como o luto pode ser um processo solitário, mas que a conexão com outras pessoas que também sofrem pode ser uma fonte de conforto e força.

Oppenheimer

O grande vencedor do Oscar de Melhor Filme 2024, tem gerado debates acalorados, especialmente no campo da psicologia. O personagem principal, J. Robert Oppenheimer, interpretado por Cillian Murphy, é um físico brilhante que liderou o Projeto Manhattan, responsável pelo desenvolvimento da bomba atômica.

Um ponto crucial da discussão gira em torno da distinção entre narcisismo e húbris. O narcisista tem como característica um senso inflado de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia pelos outros. Já a húbris se refere ao orgulho excessivo e à arrogância, que podem levar a erros de julgamento e ações imprudentes.

No caso de Oppenheimer, o autor do canal YouTube Cinema Therapy, Jonathan Decker, argumenta que ele não se encaixa no perfil narcisista. Apesar de sua inteligência excepcional e convicção em suas habilidades, Oppenheimer demonstra compaixão pelas pessoas e não busca rebaixá-las para se sentir superior.

No entanto, o personagem apresenta um alto grau de arrogância. Ele acredita ser único e especialmente talentoso. Desse modo, ele toma decisões precipitadas, como manter um relacionamento extraconjugal com Jean Tatlock (Emily Blunt) enquanto é casado com Kitty Oppenheimer (Kathryn Bigelow).

Essa húbris, por sua vez, pode ter raízes em suas crenças e valores. É possível que Oppenheimer acredite que seus objetivos científicos são tão importantes que justificam qualquer sacrifício pessoal, inclusive a negligência de seus relacionamentos.

Em uma perspectiva terapêutica, o autor sugere que o tratamento cognitivo-comportamental seria útil para Oppenheimer. Essa abordagem o ajudaria a questionar suas crenças sobre si mesmo e o mundo ao seu redor. Desse modo, ele reconhece seus pontos fortes e fracos e buscando um equilíbrio entre suas ambições e responsabilidades.

Ao analisarmos o personagem de Oppenheimer, podemos aprender valiosas lições sobre os perigos da arrogância e a importância da humildade. É fundamental reconhecer nossas qualidades e talentos, mas também é crucial manter os pés no chão e considerar as consequências de nossas ações.

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