Depressão: sintomas, tratamento e como ajudar
- Guido Boabaid
- 21/10/2024
- Tempo: 9 minutos
A depressão é uma doença que atinge pessoas em todo o mundo: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram com o transtorno.
A condição é diferente das mudanças usuais de humor e das respostas emocionais de curta duração aos desafios da vida cotidiana. Especialmente nos casos de longa duração e com intensidade moderada ou grave, a depressão pode se tornar uma condição crítica de saúde.
O transtorno depressivo pode causar à pessoa afetada um grande sofrimento e levar à disfunção no trabalho, na escola ou no meio familiar. Assim, na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio. Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano – sendo essa a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos.
Os sintomas da depressão variam de paciente para paciente. Entretanto, é importante conseguir diferenciar a depressão doença de uma depressão reativa a algum episódio traumático. Confira alguns sinais que podem servir de alerta para procurar ajuda profissional.
Sumário
Sintomas de Depressão
Alterações de sono na depressão
Um dos sintomas de depressão recorrente é a alteração do sono. Alguns pacientes encontram dificuldade para dormir, outros enfrentam sono ao longo do dia. Aproximadamente 80% dos pacientes depressivos apresentam queixas pertinentes a mudanças nos padrões do sono.
A insônia é a principal alteração do sono nesses casos. Portanto, as queixas específicas podem incluir despertares noturnos frequentes, sono não restaurador, redução do sono total ou sonhos perturbadores.
Em cerca de 10% a 20% dos casos, pacientes depressivos podem apresentar excesso de sono (hipersonia). Ou seja, passam por episódios de sono noturno prolongado e aumento do sono diurno.
Alterações de apetite
O aumento ou redução do apetite pode ser um dos sintomas de depressão considerados no diagnóstico. Alguns pacientes perdem a fome completamente. Em outros casos, desenvolve-se uma compulsão alimentar. Assim, após 14 dias com alterações de apetite, é aconselhável procurar um profissional.
Fadiga como sintoma de depressão
Dados de 2018 indicam que a fadiga está presente em mais de 90% das pessoas que convivem com transtornos mentais. Ela é um dos sintomas de depressão, pois a doença afeta os neurotransmissores associados ao estado de alerta e ao sistema de recompensas. Com isso, o transtorno afeta fisiologicamente os níveis de energia.
Isolamento
A pessoa com depressão tem um desequilíbrio químico cerebral. O lado esquerdo do cérebro, responsável pela comunicação e funções analíticas, fica retraído. Com isso, um dos sintomas da depressão é o isolamento e tendência a evitar atividades em grupo. A pessoa encontra dificuldade em socializar e expressar o que sente porque sua linguagem está com a capacidade reduzida.
Dificuldade em memorizar e se concentrar na depressão
O desequilíbrio químico que a depressão provoca no cérebro afeta também a memória e concentração. As memórias que surgem são negativas, porque o processo de recordar está ligado ao estado emocional. Em situações felizes, a tendência é lembrar de coisas boas, já em momentos difíceis, as lembranças serão ruins.
Devido ao sentimento negativo, a região do cérebro que recebe e gere informações fica sempre ativa. Com isso, torna-se difícil a concentração. A área cerebral onde se criam novas memórias e impressões quando se conhece alguém também é afetada.
Perda do sentido da vida e pessimismo
De forma geral, o paciente depressivo interpreta negativamente os acontecimentos, escolhendo sempre um ponto de vista pessimista. O quadro depressivo se agrava quando a pessoa com depressão não percebe um sentido do futuro. Além disso, o paciente deixa de responder ao presente de forma significativa, o que agrava e reforça a sensação de falta de sentido da vida.
Confira o vídeo sobre sintomas de depressão:
O tratamento com antidepressivos
Como a depressão provoca alterações na química cerebral, na maioria dos casos é necessário o uso de antidepressivos para regularizar o processo de neurotransmissão do paciente. Portanto, o médico psiquiatra é quem vai definir a necessidade do medicamento, qual utilizar e em que dosagem.
O papel dos antidepressivos é melhorar a composição química na comunicação entre os neurônios. Os neurônios se comunicam entre si, fazendo passar a corrente elétrica. Na depressão, a liberação de mediadores que fazem essa transmissão é precária ou inexistente. Portanto, são esses mediadores que nos fazem ter sensações de alegria e euforia.
Após o início do tratamento para depressão, é preciso esperar de 3 a 4 semanas para os antidepressivos começarem a fazer efeito. O uso é prolongado, normalmente por no mínimo seis meses. Para encerrar o tratamento, é preciso reduzir gradativamente as doses.
O teste farmacogenético pode ser uma ferramenta para otimizar o tratamento e torná-lo mais rápido, eficaz e seguro. O exame realiza sequenciamento genético, analisa como os genes do paciente interferem no metabolismo, resposta e toxicidade dos medicamentos. Consequentemente, ajuda a prever como a pessoa tende a reagir a cada fármaco, possibilitando mais assertividade na prescrição médica.
Como lidar com a depressão no dia a dia
Busque o apoio de amigos e família
A própria doença gera a sensação de solidão e vontade de isolamento. Portanto, pode ser difícil perceber a necessidade de pedir ajuda. Mas busque vencer essa barreira e compartilhe com a família e os amigos em que confia o que você está passando.
Ter uma rede de apoio pode dobrar as chances de recuperação da depressão. Isso porque ter pessoas com quem contar ajuda no alívio da doença e a manter perspectivas e sustentar o esforço necessário para vencer o transtorno.
Também é válido buscar grupos de apoio. Em muitas cidades há encontros de pessoas que enfrentam a depressão e trocar experiências é uma forma de apoio mútuo, fortalecendo todos os lados. Na internet também existem grupos de apoio nas redes sociais.
Volte a fazer as coisas que você gosta
A falta de vontade de fazer qualquer atividade também é algo que as pessoas com depressão precisam lidar. Mesmo atividades que antes eram prazerosas, já não geram tanto entusiasmo. Porém, é importante tentar encontrar tarefas que sejam divertidas para quebrar essa barreira da doença.
Ler um livro
Busque qual é a novidade do gênero que você gosta, ou daquele autor que você sempre gostou. Vale até mesmo reler algum livro preferido.
Filmes e séries
Não faltam títulos nos serviços de streaming. Pesquise por um filme ou série de comédia e aproveite esse tempo para esvaziar a cabeça e relaxar.
Tire um tempo para cuidar de você
Seja com uma massagem, uma hora na manicure ou aplicando uma máscara caseira. Tire um tempo para se cuidar e relaxar.
Relembre de alguma pequena tarefa que você gostava de fazer
Pode ser cuidar das plantas, preparar uma refeição ou até mesmo escrever.
Exercício físico
O exercício físico pode ser a última coisa que uma pessoa com depressão tem vontade de fazer. Entretanto, a atividade libera no sangue importantes substâncias para a sensação de bem-estar, como a endorfina.
Para obter o máximo de benefício do exercício físico, é recomendado pelo menos 30 minutos diários de atividade. Uma sugestão é começar com cerca de 10 minutos de caminhada, bem como, procurar ir aumentando esse tempo à medida que vai se habituando com a prática.
Algumas opções de exercício para você começar: caminhada, yoga, pilates, bicicleta, aula de dança, musculação.
Meditação
A meditação vem se destacando nos últimos anos como um meio para diminuir a ansiedade e a insônia, aumentar o foco e contribuir no combate à depressão.
Pesquisas revelam que a prática conhecida como mindfulness, que envolve exercícios respiratórios e de redirecionamento de atenção, tem tido êxito no combate à depressão.
Tire um tempo do seu dia para tentar praticar. Portanto, na internet é possível encontrar alguns vídeos no YouTube de meditação guiada, caso você não tenha familiaridade com as técnicas.
Pegue um pouco de sol
Estudos comprovam que os raios solares estimulam o bom humor e ajudam na liberação de serotonina, substância que nos dá uma sensação de bem-estar.
Assim, pegar um sol com frequência (e nos horários de menor incidência solar) pode ser um fator positivo no combate à depressão.
Experimente fazer caminhada ao sol, alguma refeição ao ar livre ou até mesmo ir ao parque para ler ou ficar um tempo ouvindo música.
Conclusão
Com o tratamento e diagnóstico corretos, é possível encontrar estratégias de manejo e formas de lidar com a depressão no dia a dia.
Lembre-se: você não está sozinho, quanto antes buscar ajuda melhor.