Autismo infantil: tudo o que você precisa saber

por Guido Boabaid
26/03/2024 10/04/2024

O Transtorno de Espectro Autista (TEA), ou, somente, autismo, influencia muitos aspectos da vida das pessoas que possuem a condição. Pela maioria dos diagnósticos serem feitos logo no início da vida, muitas pessoas se perguntam sobre o autismo infantil.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que, em média, uma em cada 100 crianças no mundo possui autismo. Ainda que concretos, esses dados são subestimados, já que a prevalência da condição em países de baixa renda é razoavelmente desconhecida.

Mas se você busca compreender melhor o autismo infantil, chegou ao lugar certo. Aqui, abordaremos os principais métodos de diagnóstico e tratamento, para que pais, cuidadores e profissionais da área da saúde saibam como lidar com essa condição.

Acompanhe a leitura!

O que é autismo infantil?

O autismo infantil, ou TEA, é uma condição neurológica que afeta o desenvolvimento da criança, principalmente nas áreas de interação social, comunicação e comportamento. 

Duas mãos segurando um coração formato por peças de quebra-cabeças coloridas em apoio ao autismo.

Apresenta uma variedade de sintomas que podem se manifestar de maneiras diferentes em cada criança, se inicia nos primeiros anos de vida e pode permanecer pelo resto da vida. 

É importante frisar que o autismo não é uma doença, mas um transtorno que afeta o funcionamento cerebral e a maneira como a pessoa interage com o mundo ao seu redor.

Quais os 5 sinais de autismo na infância?

Os principais sintomas do autismo podem incluir:

  1. Dificuldades na interação social, como em manter contato visual, em entender as emoções dos outros e em compartilhar experiências com outras pessoas;
  2. Comportamentos repetitivos, como bater as mãos ou repetir palavras e frases;
  3. Atrasos no desenvolvimento da linguagem verbal e não verbal;
  4. Interesses restritos ou fixações em determinados temas, objetos ou atividades;
  5. Sensibilidade sensorial, podendo apresentar hipersensibilidade ou hipossensibilidade a estímulos como luzes, sons ou texturas.

É importante estar atento a eles e buscar avaliação profissional caso surjam preocupações em relação ao desenvolvimento da criança.

Quais são os 3 tipos de autismo?

Atualmente, a classificação do autismo infantil é dada em níveis, sendo:

  • Nível 1: conhecido como autismo leve, é caracterizado por dificuldades suaves na interação social, comunicação, iniciar conversas e interpretar expressões;
  • Nível 2: é moderado e apresenta maiores dificuldades na comunicação e interação social, além de desafios maiores com mudanças na rotina;
  • Nível 3: também conhecido como severo, apresenta os sintomas com mais intensidade e mais comportamentos repetitivos, dependendo de maior apoio para se comunicar.

Ainda existem 4 tipos de autismo?

Anteriormente, o autismo era classificado em quatro tipos, como autismo atípico, síndrome de Rett, síndrome de Asperger e transtorno desintegrativo da infância. 

Entretanto, hoje, essa classificação é considerada obsoleta.

A mudança veio na quinta edição revisada do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR) da American Psychiatric Association (APA) e na Classificação Internacional de Doenças Mentais (CID-11) da ONU, quando os tipos foram substituídos por um único diagnóstico: Transtorno do Espectro Autista (TEA), que pode ser dividido entre os níveis citados no tópico anterior.

Como saber se o seu filho tem autismo?

De acordo com o Ministério da Saúde, os sinais surgem nos primeiros meses de vida, mas o diagnóstico de autismo infantil costuma ocorrer aos dois ou três anos. Mas, independentemente da idade, os pais podem observar o desenvolvimento de seus filhos e enxergar sinais, tais como:

  1. Apresentar atraso na fala que seja anormal para a idade;
  2. Não responder quando você o chama;
  3. Ter dificuldades para brincar em grupo, preferindo sempre estar sozinho;
  4. Não conseguir combinar palavras ou repetir a mesma frase com frequência;
  5. Sentir incômodo em ambientes fora de seu costume e situações sociais;
  6. Ter incômodos em relação a cheiros, sabores e texturas de alimentos;
  7. Balançar o corpo para frente e para trás, bater as mãos, coçar o corpo, reorganizar objetos em fileiras ou em cores;
  8. Ter problemas gastrointestinais ocasionados por ansiedade.

Além disso, é importante estar ciente de marcos de desenvolvimento não alcançados, como não balbuciar até os 12 meses de idade ou não apontar para objetos até os 14 meses.

Se os pais tiverem preocupações em relação ao desenvolvimento de seus filhos, é importantíssimo buscar avaliação profissional com um pediatra, psicólogo infantil ou neuropediatra. 

O diagnóstico precoce e o início de intervenções especializadas podem fazer uma diferença significativa no desenvolvimento e na qualidade de vida da criança com autismo.

Criança se divertindo com cubos coloridos.

Qual a diferença do TDAH para o autismo?

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é caracterizado por dificuldades de atenção, hiperatividade e impulsividade. Por outro lado, o TEA apresenta questões na interação social, comunicação e comportamentos repetitivos ou restritos. 

Ou seja, crianças com TDAH podem ter dificuldade em manter o foco em tarefas, agir impulsivamente, sem pensar nas consequências, e parecer inquietas ou agitadas.

Já as crianças com autismo podem ter dificuldade em compreender as emoções dos outros, preferir rotinas fixas e apresentar interesses em objetos específicos.

Veja como as crianças com TDAH se sentem, neste vídeo:

Os diagnósticos para cada transtorno também diferem: no caso do TDAH é baseado na observação do comportamento da criança e na coleta de informações de pais, professores e cuidadores. 

Já o de autismo infantil envolve uma avaliação mais completa, como veremos a seguir. Em alguns casos, ambas as condições podem coexistir, exigindo um tratamento multidisciplinar.

Qual o tipo de exame que detecta o autismo infantil?

Primeiramente, não há um único exame que possa detectar o autismo de forma conclusiva. Em vez disso, o diagnóstico é baseado em uma combinação de métodos, envolvendo observações, questionários e exames, executados por pediatras, psicólogos, neuropediatras e fonoaudiólogos, incluindo:

  • Avaliações clínicas: avaliação dos comportamentos da criança e possíveis sintomas em consultório;
  • Observação do comportamento: avaliação em diferentes contextos para identificar padrões de interação social, comunicação e comportamentos repetitivos ou restritos;
  • Questionários padronizados: pais e professores podem responder questões que avaliam os sintomas de autismo infantil;
  • Exames diagnósticos: como de imagem cerebral, são realizados para descartar outras condições médicas que possam contribuir para os sintomas;
  • Entrevistas com os pais ou cuidadores: como parte do processo de diagnóstico para entender o comportamento da criança, desenvolvimento e histórico médico.

Como é feito o tratamento de autismo infantil?

O tratamento do autismo infantil também requer uma abordagem multidisciplinar, adaptada às necessidades de cada criança, e pode envolver terapias comportamentais, fonoaudiologia, medicamentos, intervenção educacional, entre outras.

Confira algumas de forma detalhada:

  • Terapias comportamentais: alternativas como Applied Behavior Analysis (ABA) ou, em tradução, Análise do Comportamento Aplicada, são técnicas para ensinar novas habilidades e reduzir comportamentos que podem trazer inconvenientes;
  • Intervenções educacionais: podem incluir salas de aula inclusivas, sensibilizações em instituições, escolas especializadas e educação em casa, dependendo das necessidades da criança;
  • Terapia ocupacional: foca em atividades para melhorar a coordenação motora fina, habilidades de escrita e independência em atividades diárias, como se vestir e alimentar;
  • Fonoaudiologia: os terapeutas da fala trabalham para melhorar a comunicação verbal e não verbal, a compreensão da linguagem e as habilidades sociais;
  • Medicamentos: usados para tratar alguns sintomas associados ao autismo, como hiperatividade, agressividade, ansiedade ou problemas de sono. No entanto, o uso deve ser monitorado e sempre discutido com um médico especializado.

É importante entender que o tratamento do autismo é individualizado e pode variar conforme os sintomas de cada criança. Por isso, o envolvimento ativo da família e o suporte contínuo de profissionais de saúde são extremamente importantes para o sucesso do tratamento.

Perguntas frequentes

Confira as respostas para as principais dúvidas sobre o autismo.

Quais os 5 sinais de autismo?

Os principais sintomas do autismo podem incluir dificuldades na interação social, comportamentos repetitivos, atrasos no desenvolvimento da linguagem, interesses restritos ou fixações e sensibilidade sensorial.

Quais são os 4 tipos de autismo?

Atualmente, a classificação do autismo é dada em níveis, sendo Nível 1 ou autismo leve, Nível 2 ou moderado, e Nível 3, também conhecido como severo.

Quais são os sintomas de autismo leve?

O autismo leve é o nível 1 do TEA, caracterizado por dificuldades mais sutis na interação social, comunicação, comportamentos, iniciar conversas e interpretar expressões.

Conclusão

O autismo é um transtorno que pode afetar o desenvolvimento da criança em várias áreas da vida. 

Ao longo deste texto, vimos como os sintomas, comportamentos, diagnóstico e tratamento do autismo infantil funcionam e o quanto o apoio de pais, cuidadores e profissionais de saúde pode fazer a diferença nesse processo.

Com uma maior compreensão do autismo e de suas necessidades, podemos garantir que as crianças recebam o apoio e os recursos necessários para alcançar seu pleno potencial. 

Lembre-se de sempre buscar informações e apoio de especialistas para garantir a melhor qualidade de vida para as crianças e suas famílias!

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