Neurodiversidade: o que é e como entender melhor
- Guido Boabaid
- Tempo: 7 minutos
A neurodiversidade, termo criado pela socióloga australiana Judy Singer, em 1998, diz respeito à diversidade de cérebros e mentes humanas.
Assim, a teoria defende que as diferenças neurológicas entre as pessoas são normais e não devem ser vistas como doenças ou incapacidades.
Neste artigo, vamos explicar quais as condições neurodivergentes comuns, suas características, o impacto na vida das pessoas e a relevância do teste farmacogenético como ferramenta para o dia a dia de algumas dessas condições. Boa leitura.
Sumário
O que é ser uma pessoa neurodiversa?
Uma pessoa neurodiversa tem um funcionamento neurológico ou desenvolvimento cognitivo diferente do que é considerado padrão ou típico. Assim, pessoas neurodivergentes podem apresentar condições como:
- Transtorno do Espectro Autista;
- Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH);
- Síndrome de Tourette;
- Esquizofrenia.
De acordo com o programa Neurodiversidade no Trabalho, da Universidade Stanford, entre 15% e 20% da população mundial é neurodiversa. O restante seria classificado como neurotípico.
Um exemplo de neurodivergência no dia a dia é a comunicação e como as pessoas processam as informações, se comunicam e interagem com as outras de maneira única.
Assim, as pessoas neurodiversas podem ter dificuldade em iniciar conversas, manter um diálogo contínuo ou entender as variações da linguagem não verbal, entre outros comportamentos característicos.
Além disso, a neurodiversidade também pode ser explicada como uma característica humana, já que não existem duas mentes exatamente iguais.
Qual a diferença entre atípico e neurodivergente?
Uma pessoa atípica é aquela que apresenta alterações no desenvolvimento neurológico e condições como TDAH ou Autismo. Já neurodivergente são as diferenças no neurodesenvolvimento que resultam em formas de pensar, aprender, sentir e interagir com o mundo consideradas fora do padrão.
A diferença entre atípico e neurodivergente também se refere ao uso: o termo “atípico” sugere uma pessoa, enquanto “neurodivergente” representa um grupo de indivíduos.
Quais são as neurodivergências?
Entre as variações cognitivas consideradas neurodivergências, estão, principalmente, o TDAH, o autismo, a dislexia e a dispraxia.
1 – Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição crônica que faz com que a pessoa tenha um comportamento persistente de desatenção e/ou hiperatividade.
Portanto, os profissionais diagnosticam mais facilmente a condição na infância, já que pessoas com a condição apresentam os sintomas acima com maior intensidade do que crianças consideradas neurotípicas.
Seus principais sintomas são:
- Dificuldade em manter a atenção por longos períodos;
- Não conseguir terminar as tarefas;
- Ter um temperamento mais explosivo;
- Desorganização; entre outros.
2 – Autismo
Autismo é o nome comum para as condições que fazem parte do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Consideram o autismo uma neurodivergência porque ele representa uma variação natural no funcionamento do cérebro. Isso porque, pessoas com autismo podem ter um desenvolvimento, comunicação e interação social diferente da norma.
Assim como no exemplo acima, costuma-se identificar na infância e, devido ao comportamento que provoca, o diagnóstico pode ser mais difícil em meninas.
Seus sintomas comuns são:
- Interesses intensos e focados em determinado assunto (hiperfoco);
- Dificuldade em entender as emoções dos outros;
- Falta de interesse em interagir com outras pessoas.
3 – Dislexia
A dislexia é uma neurodivergência que afeta as habilidades básicas de ler e escrever.
Portanto, as pessoas com essa condição processam a linguagem de forma diferente e podem ter dificuldade em entender e escrever comparadas com outras pessoas.
Essas diferenças não resultam de falta de inteligência ou de esforço, mas de uma variação no desenvolvimento neurológico.
Seus principais sintomas são dificuldade em decodificar palavras, compreender o que lê, e lembrar nomes e datas.
4 – Dispraxia
A dispraxia está presente na neurodiversidade porque é uma condição neurológica que se caracteriza por dificuldades na coordenação motora.
Pessoas com essa condição podem ter dificuldade em planejar, executar e coordenar movimentos, mesmo que tenham a força muscular necessária.
A dispraxia é mais comum de ser diagnosticada na infância. Entretanto, também pode se desenvolver na idade adulta, após um AVC ou traumatismo craniano.
Os principais sinais são dificuldade em manter o equilíbrio e a coordenação, sentar, caminhar ou falar, entre outros.
O que é o movimento da neurodiversidade?
Pessoas atípicas lideram o movimento da neurodiversidade, buscando maior conscientização e reconhecimento das diferenças neurológicas como algo normal, e não estigmatizado como doença.
Assim, essa causa luta por direitos iguais para todas as pessoas, independentemente de suas diferenças neurodiversas. Na prática, são: o direito à educação inclusiva, ao acesso ao trabalho e à participação social.
O símbolo da neurodiversidade é o infinito com as cores do arco-íris.
Como descobrir se sou neurodivergente?
Descobrir que você é neurodivergente é um processo individual, que envolve autoconhecimento e principalmente avaliação clínica.
Veja o passo a passo para descobrir:
- Faça uma avaliação multidisciplinar com profissionais:
Uma avaliação multidisciplinar, principalmente por um psiquiatra psiquiatra e/ou um neuropsicólogo, pode indicar o diagnóstico.
- Saiba que não existe um único teste ou sintoma que indique certeza:
As experiências e manifestações das diversas condições que fazem parte da neurodiversidade são muito específicas.
- Entenda como a neurodivergência se apresenta no seu dia a dia
Após a avaliação psicológica e psiquiátrica, é importante entender como você aprensenta a neurodivergência e quais medicamentos serão necessários nesse processo.
- Considere o uso de um teste farmacogenético no processo:
Neste momento, o teste farmacogenético pode ser um aliado para ajustes em relação às suas necessidades individuais, principalmente relacionados à dosagem da medicação.
E mais! Veja porque é importante escolher o da GnTech:
Conclusão
A neurodiversidade é um conceito que promove a reflexão sobre como vemos o mundo e as pessoas ao nosso redor. Ao celebrar a diversidade cognitiva e promover a inclusão, é possível promover uma realidade inclusiva a todos, que pode ser mais criativa e inclusiva.
O teste farmacogenético pode ser uma ferramenta importante para entender as necessidades individuais de cada pessoa, inclusive dos neurodivergentes.
Isso porque, ao analisar o DNA, é possível identificar como o organismo reage a diferentes condições, o que pode auxiliar no dia a dia de quem tem TDAH e autismo.
Perguntas frequentes
Confira as principais respostas sobre dúvidas relacionadas à neurodiversidade.
Sim, quem tem TDAH é considerado neurodivergente.
A neurodiversidade é um movimento social que defende a valorização das diferenças cognitivas, que devem ser consideradas normais e devem ser respeitadas.
Para saber se você é neurodivergente, é necessária avaliação psicológica e/ou psiquiátrica.
Não pare por aqui! Leia os próximos conteúdos:
- Autismo infantil: tudo o que você precisa saber
- Atypical: série da Netflix retrata autismo
- TDAH: sintomas e como tratar o transtorno
- Tipos de TDAH: saiba quais são
- Gravidez de risco: conheça todos os sintomas