Depressão: crianças obesas têm 4 vezes mais chance de desenvolver a doença

A obesidade infantil tem aumentado nas últimas décadas e estudos apontam que crianças obesas têm mais chance de ter depressão. O dia 3 de junho é dedicado a Conscientização contra Obesidade Infantil e traz o tema para o debate. Além disso, está associado com problemas de saúde, como doenças cardiovasculares, o excesso de peso representa um risco maior de desenvolver transtornos mentais.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem alertado sobre os níveis alarmantes de obesidade infantil no mundo. De acordo com um relatório da Comissão para Acabar com a Obesidade Infantil, há pelo menos 41 milhões de crianças com menos de cinco anos que estão obesas ou acima do peso. Entre as recomendações da Comissão estão o incentivo à atividade física e combate ao sedentarismo entre crianças e adolescentes.

Alguns estudos também sugerem a relação entre problemas relacionados às áreas sociais e comportamentais e a obesidade infantil. Isso porque os obesos sofrem maior discriminação e estigmatização social. Como consequência, esse fator interfere no seu funcionamento físico e psíquico, o que pode causar um impacto negativo em sua qualidade de vida.

Estudo sobre relação entre obesidade infantil e depressão na Holanda

Um estudo realizado na Holanda mostrou que mecanismos que vinculam o sobrepeso ou obesidade com depressão têm origem na infância. Isso porque o risco genético da depressão associado à baixa autoestima, causada pela criança estar fora de um padrão ideal de corpo, resultam nessa associação.

Os pesquisadores holandeses analisaram a evolução de 880 pessoas que fizeram parte de um estudo na Islândia. O objetivo era saber mais sobre o estado de saúde de pessoas nascidas entre 1907 e 1935 na capital islandesa. Com isso, os questionários analisados continham dados sobre o Índice de Massa Corporal (IMC) dos participantes quando tinham entre 8 e 13 anos e quando completaram 50 anos. Foram observados os casos em que relataram ter sofrido de sintomas depressivos ou com diagnóstico de depressão severa.

Assim, a pesquisa concluiu que as crianças com sobrepeso ou obesidade na infância tiveram quatro vezes mais risco de desenvolver uma depressão severa.

Em pesquisa realizada em SP, 43,3% das crianças com obesidade infantil apresentam sintoma de depressão

No Brasil, uma pesquisa foi realizada em um hospital-escola em Ribeirão Preto em 2010, buscando identificar a relação entre obesidade infantil e depressão. Além disso, o levantamento analisou dados de 90 crianças, sendo 60 obesas e 30 com o IMC entre considerado normal e sem histórico anterior de obesidade. Ambos os grupos apresentaram informações semelhantes em relação à idade, escolaridade dos pais e localização demográfica.

As crianças com obesidade infantil apresentaram 43,3% de respostas com escore igual ou acima do ponto de corte para depressão.  Entre o grupo com peso normal, apenas 3,3% apresentaram respostas com escores acima do ponto de corte. Ou seja, uma diferença estatisticamente significativa.

Certamente os estudos evidenciam a necessidade de criar estratégias para o tratamento da obesidade infantil a fim de evitar a depressão. Por exemplo, o atendimento psicológico a essas crianças e orientação aos pais de como lidar com o problema.

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