Psicofobia: o que é e como combater o preconceito mental
- Júlia Silva
- Tempo: 7 minutos
A psicofobia é um problema de saúde pública que provoca o preconceito em relação aos transtornos mentais.
Ela pode acontecer de diversas formas, desde as mais sutis às mais agressivas, e prejudicar o tratamento de quem sofre com alguma condição mental.
Pela relevância do tema, vamos abordar nesse conteúdo tudo sobre o que é o preconceito mental, quais exemplos, como combater e mais. Boa leitura.
Sumário
O que é preconceito mental?
Originalmente, a psicofobia é o medo irracional e exagerado da mente. Entretanto, no Brasil, o preconceito mental, também conhecido como psicofobia, é a atitude negativa, discriminatória e preconceituosa em relação a pessoas que vivenciam algum tipo de transtorno mental.
Esse comportamento, além de aumentar o preconceito que existe em relação a transtornos como ansiedade e depressão, pode impactar a saúde das pessoas.
Isso porque, a atitude abala a autoestima, dificulta o processo de procura por tratamento e promove o isolamento social, por medo de julgamento.
Em apoio à causa, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) tem uma campanha intitulada Dia Nacional de Enfrentamento à Psicofobia que visa combater o preconceito contra pessoas com transtornos mentais.
Quantas pessoas sofrem de psicofobia?
A psicofobia é um problema social que acontece principalmente pela falta de informação e preconceito relacionado aos transtornos mentais. Então, por ser uma atitude, é difícil quantificar quantas pessoas sofrem de psicofobia.
Entretanto, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 720 milhões de pessoas sofrem com doenças mentais em todo o mundo, o que representa aproximadamente 10% de toda a população mundial.
Por isso a importância de combater o preconceito relacionado à saúde mental e reforçar a luta pelos direitos dos pacientes com condições psicológicas.
É crime psicofobia?
Apesar de ainda não existir nenhuma lei específica que condene a psicofobia, atos de preconceito contra pessoas com algum transtorno de saúde mental podem representar crime.
Isso porque, essas atitudes, classificadas como condutas psicofóbicas, podem ser incluídas no Código Penal (Decreto-Lei 2.848/1940) entre as que agravam o crime de injúria.
Atualmente, se referem a ofensas sobre a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.
Além disso, em 2019, a Câmara dos Deputados apresentou o Projeto de Lei n.º 2.071, que criou o Programa Nacional de Combate à Psicofobia. Seu objetivo é diminuir o preconceito e a discriminação em torno das doenças mentais.
Seus responsáveis também têm planos para formalizar oficialmente o crime de psicofobia.
Qual a pena para quem comete psicofobia?
O projeto de lei iniciado pelo Senador Paulo Davim prevê até três anos de reclusão para quem praticar injúria contra pessoas com transtorno mental, mais multa.
O que pode ser considerado psicofobia?
Toda e qualquer discriminação direcionada a pessoas com algum transtorno de saúde mental se enquadra nesse conceito. Alguns exemplos são:
- Negação da doença: a dificuldade de algumas pessoas em aceitar que possuem um transtorno mental e buscar tratamento;
- Violência física e verbal: como a utilização de palavras pejorativas, como “louco”, “maluco”, etc;
- Dificuldade de acesso a algum direito: seja um emprego, assistência médica, progressão de carreira e acesso à educação, por exemplo;
- Reprodução de estigmas: tratar pessoas com transtornos mentais de maneira diferente ou produzir julgamentos.
Seja de forma sutil, como a partir do isolamento, quanto por métodos mais claros, como ofensas, a psicofobia é toda e qualquer ação que ofende o outro por algo que ele não consegue controlar, como o estado de sua saúde mental.
O que gera a psicofobia num mundo em que os transtornos mentais só aumentam?
Um dos maiores motivos para a psicofobia é a falta de conhecimento. Durante muitos anos, a saúde mental não foi um assunto prioritário no Brasil e no mundo.
Além disso, no começo de sua história no país, os transtornos mentais eram tratados de forma bruta, sem consideração pelo paciente, que, em diversos casos, era retirado do convívio social por ser considerado “inadequado”.
Essa questão cultural, combinada com a falta de políticas públicas, contribuiu para casos de psicofobia ao longo dos anos. E se engana quem pensa que o preconceito está restrito a terceiros.
Por falta de informação, as próprias pessoas com algum sofrimento psíquico podem discriminar as doenças mentais e recusar tratamento. Por isso a importância do acesso à informação.
Como combater a psicofobia?
O combate à psicofobia precisa ser um esforço cultural, social e político. Algumas ações que podem ser implementadas nesse sentido são:
- Psicoeducação: propagação de informações corretas sobre os transtornos mentais, como forma de desfazer a formação de estereótipos e mitos;
- Incluir saúde mental no currículo escolar: já que ensinar sobre saúde mental desde a infância ajuda a formar cidadãos mais conscientes e empáticos;
- Utilizar uma linguagem inclusiva: preferir termos como “pessoa com transtorno mental” em vez de “doente mental” demonstra maior respeito e inclusão;
- Representação na sociedade: é importante que o conceito na mídia sejam realistas e evitem estereótipos;
- Apoiar políticas públicas: principalmente aquelas que garantem o acesso aos serviços de saúde mental e promovem a inclusão social.
Além desses pontos, é importante sempre praticar a empatia, acolher e informar as pessoas. Para isso, conte com o apoio e a orientação de profissionais da saúde, em caso de dúvidas.
Conclusão
Como vimos, o combate à psicofobia ajuda a construir uma sociedade mais justa e inclusiva.
Ao promover a conscientização, a educação e a quebra de estigmas sociais, é possível um ambiente mais acolhedor e seguro para todas as pessoas, independentemente de suas condições de saúde.
Para isso, o primeiro passo é a promoção da conscientização sobre a saúde mental, principalmente sobre os transtornos mentais graves, de forma acessível à população.
Perguntas frequentes
Confira as respostas para perguntas frequentes sobre psicofobia.
Psicofobia é um neologismo criado pela Associação Brasileira de Psiquiatria, pelo presidente Antonio Geraldo da Silva durante um encontro com Chico Anysio, que propôs o termo.
Acabar com o estigma das doenças mentais envolve acolhimento individual, compartilhamento de informações e o diagnóstico correto dos transtornos psíquicos.
Não existe um único transtorno mental que seja considerado o mais grave, mas existem alguns que se destacam de formas diferentes, como a esquizofrenia, anorexia nervosa e depressão.
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