Depressão infantil: quais os sintomas?
- Guido Boabaid
- 14/05/2024
- Tempo: 7 minutos
A depressão infantil atinge cada vez mais crianças no mundo todo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o índice mundial de crianças de seis a 12 anos de idade diagnosticadas com depressão saltou de 4,5% para 8% na última década (dados de 2017).
É importante ajudar a criança a desenvolver sua inteligência emocional e estar atento para identificar os sintomas de um possível transtorno depressivo.
Acompanhe a leitura e saiba como identificar os sintomas da depressão infantil.
Sumário
O que é a depressão infantil?
A depressão infantil (DI) é um transtorno do humor caracterizado pela tristeza e pela incapacidade de sentir prazer. Ela pode estar associada a outros transtornos ou a fatores como a relação da criança com os demais.
Muitas vezes a criança acaba por carregar as frustrações dos pais, que idealizavam como ela deveria agir, se vestir, pensar e até mesmo do que gostar. E a criança, numa tentativa de agradar os pais, entristece por não se reconhecer nestas projeções e não validar a sua singularidade.
Sintomas de depressão em crianças
A depressão na infância pode apresentar um quadro semelhante ao transtorno depressivo na fase adulta, mas é necessário atenção e sensibilidade para diferenciar características naturais, que pertencem às fases de desenvolvimento na infância, dos sintomas que podem sinalizar esse prognóstico. As causas que levam à depressão infantil podem ser desde fatores genéticos, quando os pais apresentam o quadro, até situações que a criança vivencia durante o seu desenvolvimento.
Os pais precisam estar atentos aos sinais que a criança demonstra:
- Baixa sociabilidade;
- Falta de ânimo para brincar;
- Medo de ficar sozinha;
- Ansiedade ao se separar dos pais;
- Falta de higiene pessoal;
- Agressividade;
- Sentimento de inferiorização;
- Alterações no sono ou apetite.
Também é comum os sintomas da depressão infantil serem opostos aos de um adulto que apresenta o mesmo quadro, por isso, é importante o acompanhamento de profissionais especializados nesta área.
A relação entre a escola, bullying e depressão infantil
A exposição ao bullying, maus-tratos e situações de violência na comunidade são alguns fatores de risco para a depressão infantil e entre adolescentes.
A escola é um espaço de aprendizado coletivo e de acolhimento. Por essa razão, tem um papel importante para ajudar crianças e adolescentes a desenvolver habilidades emocionais. Trata-se de um ambiente com grande potencial para identificar problemas entre os jovens e criar espaços de convívio.
Uma das formas em que a escola pode atuar na prevenção da depressão é falar mais abertamente sobre problemas de saúde mental. Também é importante desenvolver habilidades de mediação de conflitos para manejar o estresse e fortalecer laços entre os estudantes.
Além disso, é fundamental que a instituição trabalhe para combater fatores de risco para a depressão. Por exemplo, enfrentando o bullying físico e virtual e identificando sinais de instauração de um quadro de depressão.
Vale ressaltar que não cabe à escola fazer o diagnóstico de casos de depressão, mas que o professor pode observar um aluno em dificuldade e indicar para a avaliação de um especialista.
Como prevenir a depressão infantil?
A melhor maneira de prevenir o desenvolvimento da depressão infantil é estar atento aos sinais que a criança demonstra, bem como dar espaço para o seu desenvolvimento e acompanhar, junto dos educadores, o seu processo escolar.
Para evitar a depressão na infância e fortalecer essa criança para que não enfrente o transtorno mais tarde, é importante ajudá-la a desenvolver habilidades socioemocionais. Assim, ela conseguirá lidar melhor com emoções e situações de estresse que possam desencadear a depressão no futuro.
“Se desde crianças as pessoas forem capazes de processar, entender e compreender melhor emoções, como tristeza, raiva e medo, elas terão muito mais clareza e condições para lidar com elas e, provavelmente, serão menos afetadas pelo estresse e outros sentimentos”, explica Adriana Fóz, pesquisadora do Laboratório Interdisciplinar de Neurociências Clínicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Diagnóstico
A depressão infantil normalmente é diagnosticada entre os 8 e 9 anos, momento em que ela também está consolidando a sua personalidade e a maneira como se relaciona com o que há em seu entorno.
A alfabetização é muito importante, tanto para o diagnóstico da doença na infância quanto para o seu tratamento. Vai ser durante a convivência com outras crianças e adultos onde sintomas que evidenciam o quadro serão percebidos.
Muitas vezes a depressão infantil, por apresentar sintomas como a falta de atenção, pode ser confundida com transtornos como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. E, ainda, é muito comum a depressão se desenvolver por conta de outra doença que a criança já sofre, seja ela psicológica ou física.
É essencial buscar a orientação de um psicólogo e psiquiatra. Este profissional poderá fazer a avaliação e definir o diagnóstico e qual será o melhor tratamento.
Além de identificar padrões comportamentais que evidenciam o transtorno, o profissional da área também precisa entender a origem do transtorno. Apesar do fator genético ser uma das principais causas da depressão, tanto infantil como adulta, é comum o quadro se desenvolver por conta de impactos emocionais que a criança sofreu durante o seu desenvolvimento.
A perda de um ente querido, a separação dos pais, estar presente durante as brigas do casal, sofrer bullying na escola e mudanças grandes de rotina são algumas causas que podem desencadear a depressão infantil.
- DEPRESSÃO INFANTIL E A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO
- CRIANÇAS OBESAS TÊM 4 VEZES MAIS CHANCE DE TER DEPRESSÃO
- OS PAIS E A INFLUÊNCIA NA DEPRESSÃO DOS FILHOS
- Autismo infantil: tudo o que você precisa saber
- TDAH em adultos: como identificar e tratar
Como é feito o tratamento da depressão infantil?
O tratamento psicoterápico e o tratamento medicamentoso desempenham papéis diferentes e ambos podem ser importantes para superar o quadro.
O tratamento psicoterápico consiste em acompanhamentos juntos a um psicólogo, que investigará as origens do sofrimento da criança e traçará a melhor maneira dela ressignificar as suas dores. Em suma, o tratamento psicoterápico é feito a partir da escuta e do questionamento, instigando o paciente a encontrar as suas respostas.
Mas, infelizmente, nem todos os casos de transtornos mentais são resolvidos apenas com psicoterapia. Em alguns quadros, o psicólogo pode recomendar o agendamento de uma consulta psiquiátrica e, então, ele vai entrar em contato com este profissional para traçarem, juntos, a melhor maneira de inserção dos remédios.
É muito importante que, ao ser decidido o uso de medicamentos, o paciente seja acompanhado por estes profissionais para que os efeitos do remédio sejam monitorados.
Normalmente, os primeiros meses do tratamento consistem em tentativas de dosar os medicamentos. O teste farmacogenético pode ser utilizado para escolha de fármacos e dosagens mais adequados, otimizando o tratamento e diminuindo riscos de efeitos colaterais.
Saiba mais sobre sintomas e tratamento da depressão infantil neste vídeo da psicóloga Munyra Souza: