Risco de depressão é maior entre idosos

O crescimento de quadros de depressão entre idosos está relacionado ao aumento da expectativa de vida das últimas décadas. Relatórios da Organização das Nações Unidas mostram que a parcela de pessoas acima de 60 anos até 2050 chegará a 22% da população mundial.

No Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), retratam que no ano de 1991 a população idosa era de 4,8 %. Já em 2012 a 2016 essa população aumentou chegando a 16%. Assim, em relação à expectativa de vida da população brasileira, em 1940, a média era 45,5 anos, chegando 75,8 anos em 2016. Estima-se que até 2025, o Brasil será o sexto país em número de idosos.

Ao mesmo passo que a tecnologia e o sistema de saúde evoluem proporcionando mais longevidade, a sociedade cobra a produtividade e encara com muito preconceito a terceira idade. Portanto, é preciso pensar em como oferecer mais qualidade de vida e bem-estar a quem alcança uma idade mais avançada.

A depressão em idosos pode se apresentar a partir de problemas que geralmente acometem a terceira idade como o abandono familiar, a perda do papel social com a aposentadoria, solidão e falecimento do cônjuge. Além disso, limitações físicas e fatores clínicos podem influenciar no quadro de depressão.

O diagnóstico da depressão é complexo quando comparado ao diagnóstico de outras faixas etárias, pois o próprio processo de envelhecimento apresenta algumas características semelhantes aos sintomas de depressão.

Muitas vezes, o transtorno depressivo é subestimado quando acomete pessoas idosas, colocada como algo natural do envelhecimento. Essa forma de encarar a situação é o centro do problema, pois esse estágio é o limite de suporte do indivíduo.

Fatores que aumentam as chances de idosos desenvolverem depressão

Alguns fatores são mais presentes na terceira idade e podem ser determinantes para o desenvolvimento da depressão.

Um deles é a presença de alguma doença grave. Alguns estudos mostram essa correlação é mais significativa em casos de câncer, problemas do sistema nervoso central, complicações cardiopulmonares e doenças urogenitais.

Os casos oncológicos são especialmente preocupantes. Uma pesquisa do Observatório de Oncologia mostra que a chance de um paciente com câncer desenvolver depressão varia entre 22% a 29%. Além disso, pessoas que já tenham apresentado episódio depressivo têm mais chances de que com o diagnóstico de câncer voltem a apresentar o transtorno.

As limitações físicas decorrentes tanto de processos fisiológicos quanto patológicos impõem aos idosos a necessidade de ajuda. Essa dependência transforma toda a vida do indivíduo, que, se não compreendida, pode levar o indivíduo a um quadro depressivo.

As enfermidades físicas relacionadas à depressão têm uma ligação muito íntima com a qualidade de vida que esse idoso teve ao longo de sua existência. Algumas doenças crônico-degenerativas podem prejudicar drasticamente o dia a dia do idoso, como artrite, osteoporose, hipertensão, coronariopatias e diabetes.

Sintomas da depressão em idosos

Para um diagnóstico de depressão, o indivíduo precisa apresentar, durante duas semanas ou mais:

– Humor deprimido na maior parte do dia,

– Perda ou ganho de peso sem estar de dieta,

– Insônia ou sono excessivo,

– Agitação ou retardo psicomotor,

– Fadiga ou perda de energia,

– Sentimento de inutilidade ou de culpa,

– Indecisão ou dificuldade de concentração,

– Pensamentos de morte ou tentativa de suicídio.

Os sintomas devem causar sofrimento ou prejuízo no funcionamento do indivíduo e não devem estar relacionados com o luto, condição médica ou uso de substâncias como drogas e medicamentos.

A dor e o sofrimento físico possuem papel importante na fragilização do idoso e no desencadeamento da ideia de suicídio, associada ao agravamento de transtornos físicos.

A depressão interage com outras variáveis, podendo aparecer como fator precipitante de outras enfermidades, ou como coadjuvante de complicações físicas e mentais.

Como tratar depressão em idosos

Quando falamos de depressão em idosos, é muito importante não diminuir os sintomas a “coisas da idade”. Envelhecer não é doença e sempre que houver dificuldade para realizar qualquer tarefa, esta deve ser tratada com atenção. Somente com o diagnóstico correto é possível fazer o tratamento de forma adequada.

É comum que as mulheres sejam as primeiras a procurar ajuda em caso de suspeita de algum problema de saúde, principalmente na terceira idade. Para os homens, há uma certa resistência.

O tratamento da depressão em idosos realiza-se através da combinação de medicamentos, principalmente antidepressivos, com psicoterapia e terapias ocupacionais, como estímulo para realizar atividades que retomam o prazer de viver. O idoso pode optar por aulas de dança, trabalhos manuais, corais, grupos de passeio e qualquer outra atividade que o distraia e o faça sentir reintegrado a ambientes sociais. Até mesmo um animal de estimação pode ser um bom estímulo para o paciente idoso. A presença da família é fundamental para o sucesso no tratamento, afinal, sentir-se abandonado nessa fase da vida é motivo de profunda tristeza.

Teste Farmacogenético como importante aliado no tratamento

Nos casos em que é necessário um tratamento com medicamentos, o teste farmacogenético pode ser uma ferramenta importante. O exame analisa como os genes do paciente impactam no desempenho dos principais fármacos em relação ao metabolismo, toxicidade e resposta.

Com isso, é possível evitar o uso de medicamentos que não geram efeito no paciente, efeitos colaterais ou dosagens acima do necessário.

Em qualquer idade o teste farmacogenético representa um benefício para o tratamento, mas é ainda mais importante quando falamos de idosos. O exame auxilia o médico para uma prescrição mais assertiva e segura, que são fatores importantes, visto que idosos podem ser resistentes a realizar tratamentos.

Em casos de depressão, a Gntech oferece dois testes farmacogenéticos que analisam medicamentos psiquiátricos. O PsicoGene® analisa 95 fármacos e 32 genes, abrangendo diversos antidepressivos, ansiolíticos, anticonvulsivantes, entre outros.

Já o TotalGene®, além de analisar todos medicamentos do PsicoGene®, abrange fármacos usados em pacientes cardíacos, oncológicos e de infectologia, podendo guiar o tratamento de outras especialidades também. Neste exame, 175 fármacos e 60 genes são analisados.

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O combate ao transtorno depressivo na terceira idade

O estereótipo do idoso como um sábio, que não possui mais desejos e está preparado para a morte, não é verdadeiro. A sociedade precisa compreender o idoso em seu processo de adoecimento e morte para que ele possa ter uma saúde mais humanizada.

A presença familiar, o cultivo de amizades e de relacionamentos são fatores protetivos importante contra a depressão. A inserção em atividades sociais pode contribuir para que o idoso se sinta parte de um grupo, motivado e querido.

Outro fator importante a ser combatido é a discriminação de idosos. A sociedade foi educada em prol da produtividade e resultados, dessa forma os idosos se sentem pressionados a manter sua funcionalidade sempre no limite. Estudos colocam essa questão como uma causa fundamental do estresse e da depressão, principalmente em idosos no século XXI.

É preciso combater o pensamento cultural impregnado na sociedade de que pessoas idosas são inúteis por serem obsoletas para o mercado de trabalho. Muitas vezes, isso gera o sentimento de incapacidade e fraqueza nos idosos, que acabam se excluindo das relações sociais e familiares.

Referências:

Artigo: Depressão em idosos. Revista de Saúde ReAges – Paripiranga, janeiro-junho2019

Artigo: Depressão na terceira idade (Ana Flavia Rosa, Thais Oliveira de Lisboa e Renata Tomaz)

Psiquiatria Paulista .

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