Saúde mental dos jovens no Brasil: cenário atual, desafios e dicas

A saúde mental dos jovens se tornou uma preocupação maior nos últimos anos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 2023, metade das doenças mentais começam por volta dos 14 anos de idade. Ainda, conforme o Estadão, 2023, cerca de 293 milhões de jovens, entre 5 e 24 anos, já possui algum tipo de transtorno mental.

De fato, a juventude, principalmente da geração Z, enfrenta desafios que impactam diretamente seu bem-estar. Por isso, veremos qual a atual situação da saúde mental dos jovens no Brasil, os fatores que a influenciam, como podem ser cuidados e prevenidos.

Vamos lá?

Como anda a saúde mental dos jovens?

Essa é uma preocupação de muitas famílias. Os dados revelam uma realidade preocupante, com um aumento significativo nos casos de ansiedade, depressão e suicídio. 

No Brasil, até o final de 2022, oito a cada dez brasileiros entre 15 a 29 anos relataram algum tipo de questão mental, sendo a maior taxa em meninas e mulheres — 90% das entrevistadas.

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A pesquisa mostrou que 66% dos jovens se queixaram de pensamentos negativos, 58% deles disseram ter dificuldade de se concentrar e 53% relataram ter tido crises de ansiedade.

Além disso, um estudo recente da Fiocruz apontou que a taxa de suicídio entre os jovens de 10 a 24 anos de idade cresceu 6% ao ano no Brasil, e as notificações por autolesões, nessa mesma faixa etária, cresceram 29% a cada ano, entre 2011 a 2022. 

Esses transtornos têm impactado a qualidade de vida dessa geração e, claro, de mães, pais e tutores, refletindo-se em todos os aspectos de suas vidas. 

O acesso a recursos adequados, dados confiáveis e a compreensão desses desafios são fundamentais para abordar essa questão com a seriedade necessária.

Impactos da pandemia na saúde mental dos jovens

A pandemia de COVID-19 trouxe consigo uma série de desafios adicionais para a saúde mental dos jovens. 

Com o isolamento social, a interrupção das rotinas diárias e a incerteza em relação ao futuro, foram desencadeados mais quadros de ansiedade e depressão

Isso é o que mostra o Relatório anual do Estado Mental do Mundo, da Sapien Labs. Só no Brasil, no período da pandemia, foram 39% a mais de queixas de saúde mental de pessoas de 18 a 24 anos, em comparação com o grupo entre 55 a 64 anos.

Nesse período, também ocorreram mudanças na forma como os jovens se relacionam socialmente, devido ao fechamento temporário de escolas e outros espaços. Em entrevista para a Agência Brasil, a psicóloga Mariana Azevedo explicou que: 

“Uma das coisas que marca a adolescência é essa separação do núcleo familiar para uma constituição do sujeito. E nesse contexto, o convívio entre jovens que acontecia na escola deixou de existir por conta das restrições e do isolamento social”.

Além disso, ela relatou que houve o aumento do consumo de drogas e álcool no pós-pandemia, que refletiu um crescimento da angústia mental nessa geração. 

“Com esse novo cenário, alguns pacientes passaram a ter acesso a medicações psiquiátricas e a fazer abuso dessas substâncias. Por exemplo, houve um aumento expressivo do uso de Ritalina”, afirmou a psicóloga.

Quais os fatores que influenciam a saúde mental dos jovens?

Além das questões que já abordamos, como a pandemia, outros fatores influenciam na condição mental dos jovens atualmente:

  • Conflitos familiares;
  • Violências e traumas;
  • Dificuldades acadêmicas;
  • Pressões sociais e bullying;
  • Falta de privacidade e autonomia;
  • Ausência de apoio ou acolhimento familiar;
  • Vícios em redes sociais, álcool e/ou drogas;
  • Descobertas sobre a identidade de gênero e orientação sexual; etc.

A seguir, explicaremos melhor alguns deles:

  • Pressões sociais: a necessidade de se encaixar em padrões de beleza, sucesso e comportamento pode ser avassaladora, levando a isolamento, sensação de inadequação e ansiedade;
  • Falta de apoio familiar: ambientes familiares disfuncionais, com excesso de conflitos ou falta de auxílio emocional podem afetar a saúde mental dos jovens, criando um espaço de estresse e instabilidade;
  • Pressões acadêmicas: a competição nos sistemas educacionais, as altas expectativas dos pais e professores, juntamente com o medo do fracasso, podem sobrecarregar os jovens, levando à ansiedade, depressão e outros transtornos mentais;
  • Exposição à violência e traumas: o bullying, o abuso sexual e outros traumas podem ter um impacto profundo na população jovem, causando estresse pós-traumático, depressão e outras questões psicológicas.

Quais os desafios que os jovens enfrentam para cuidar da saúde?

Os jovens enfrentam uma série de obstáculos na busca pelo cuidado com a saúde mental, principalmente devido ao preconceito, barreiras burocráticas e financeiras, desigualdade social e sobrecarga de demandas.

Veja cada um deles em detalhes:

  • Preconceito associado aos problemas de saúde mental: infelizmente,  esse é um fator que impede muitos jovens de buscar ajuda, por medo de serem julgados ou estigmatizados pela sociedade;
  • Barreiras burocráticas e financeiras: longas listas de espera para serviços gratuitos, falta de recursos financeiros próprios suficientes e outras questões de burocracia podem dificultar o acesso ao tratamento adequado;
  • Desigualdade social: o custo do tratamento, incluindo terapia e medicamentos, bem como a localização geográfica das clínicas e consultórios podem ser desafiadores para os jovens e suas famílias;
  • Sobrecarga de demandas: as diversas demandas, como estudos, trabalho, vida social e família, podem limitar o tempo e a energia dedicados ao autocuidado e à saúde mental.

Leia mais: 6 aplicativos para saúde mental.

Quais as estratégias de prevenção e apoio à saúde mental dos jovens?

Diante dos desafios apresentados, é preciso agir de maneira proativa, com estratégias de prevenção e oferecer qualidade de vida à juventude. O tema é crucial, uma vez que as consequências de não abordar as condições de saúde mental atuais se estendem por toda a vida adulta.

Existem várias maneiras pelas quais pais, tutores e outros responsáveis podem contribuir para a saúde mental dos jovens:

  • Mantenha uma comunicação aberta: crie um ambiente seguro, no qual os jovens se sintam confortáveis para expressar seus sentimentos, sem julgamento;
  • Estabeleça rotinas saudáveis: agendas mais previsíveis, que inclui atividades físicas e autocuidado, podem ajudar os jovens a se sentirem seguros e não negligenciarem sua saúde;
  • Promova o equilíbrio entre o online e o offline: incentive atividades sem telas, como esportes e grupos sociais, para reduzir os efeitos negativos do uso excessivo de recursos digitais;
  • Atente-se aos sinais de alerta: observe mudanças de comportamento, como isolamento social, irritabilidade excessiva, uso de substâncias ou alterações no sono que podem indicar problemas de saúde mental.

Outras recomendações importantes

Além dessas, veja outras medidas importantes:

  • Apoio psicológico: oferecer serviços de psicoterapia e aconselhamento, acessíveis e de qualidade, para que os jovens tenham um espaço seguro para expressar seus sentimentos e receber orientação adequada;
  • Inteligência emocional nas escolas: introduzir programas educacionais que ensinem habilidades emocionais, como resiliência e gestão do estresse desde a infância, para que os jovens aprendam a lidar de forma saudável com as adversidades da vida;
  • Promoção da saúde mental: realizar campanhas de conscientização sobre o autocuidado, a fim de reduzir o preconceito acerca dos transtornos mentais, encorajando-os a buscar ajuda quando necessário e promovendo um ambiente de mais compreensão;
  • Integração de serviços de saúde mental: garantir a integração dos serviços de saúde mental nos sistemas de saúde primária, tornando mais fácil para os jovens acessar tratamento e suporte quando preciso, sem enfrentar barreiras burocráticas ou financeiras.
  • Fortalecimento dos vínculos sociais: promover atividades e programas que incentivem a interação social e a construção de redes de apoio entre os jovens, ajudando a reduzir o isolamento social e fortalecer os laços comunitários.

Leia mais: 4 dicas de como desenvolver inteligência emocional.

Conclusão

Como vimos, a saúde mental dos jovens brasileiros é uma questão urgente, que precisa ser tratada com a devida atenção e ação imediatas. 

Aqui, discutimos os desafios enfrentados pela juventude em relação à ansiedade, depressão e outros transtornos mentais, bem como as causas e estratégias de prevenção. 

É fundamental que continuemos a trabalhar juntos para promover a saúde mental das pessoas, principalmente dos jovens. Isso inclui o incentivo à busca de apoio e acesso às informações necessárias para garantir o bem-estar dessa geração.

Lembre-se que a busca por ajuda profissional é um passo importante em direção à qualidade de vida dos jovens. Por isso, não deixe de buscar a ajuda de um especialista quando necessário!

Continue aprendendo:

Perguntas frequentes

Veja as respostas para as dúvidas mais comuns sobre a saúde mental dos jovens:

Como anda a saúde mental dos jovens?

Essa é uma preocupação de muitas famílias. Os dados revelam uma realidade preocupante, com um aumento significativo nos casos de ansiedade, depressão e suicídio.

Quais os fatores que influenciam a saúde mental dos jovens?

Os principais fatores que influenciam a condição mental dos jovens são pressões sociais, falta de apoio familiar, pressões acadêmicas e exposição à violência e traumas.

Quais os desafios que os jovens enfrentam para cuidar da saúde?

Os jovens enfrentam obstáculos na busca pelo cuidado com a saúde mental devido ao preconceito, barreiras burocráticas, desigualdade social e sobrecarga de demandas.

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