Transtornos de personalidade: definição, tipos e diagnóstico

por Guido Boabaid
01/04/2024 10/04/2024

O último Relatório Mundial de Saúde Mental da OMS, publicado em junho de 2022, apontou que, em 2019, cerca de um bilhão de pessoas viviam com questões mentais, incluindo os transtornos de personalidade.

Eles podem causar impactos significativos em áreas como relacionamentos, trabalho e vida social, mas podem ser atenuados com o tratamento adequado. 

Se você está buscando compreender melhor esse campo da saúde mental, está no lugar certo. Aqui, veremos quais os aspectos dessa condição, os tipos mais comuns, as causas e as opções de tratamento disponíveis. 

Vamos lá?

O que são os transtornos de personalidade?

Conforme a CID-10 OMS, os transtornos específicos da personalidade são distúrbios psicológicos e comportamentais graves do indivíduo, que compreendem elementos da personalidade, acompanhados de angústia pessoal e desorganização social, persistindo desde a infância até a idade adulta.

Ou seja, influenciam a maneira como uma pessoa pensa, sente e se comporta, e são caracterizados por atitudes que se diferem das expectativas sociais.

Quais são os tipos de transtornos de personalidade?

De acordo com o Manual MSD, desenvolvido em colaboração entre centenas de peritos, médicos e um comitê editorial independente, existem 10 tipos de transtorno de personalidade. Veja abaixo os principais comportamentos de cada um:

  • Borderline (TBP): instabilidade emocional, relacionamentos tumultuados e impulsividade;
  • Paranoide: desconfiança persistente e interpretações distorcidas das intenções dos outros;
  • Antissocial (TAP): padrão de desrespeito e violação dos direitos dos outros, sem remorso;
  • Obsessivo-Compulsivo (TOC): preocupação excessiva com ordem, perfeccionismo e controle;
  • Narcisista (TPN): sentimento de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia;
  • Esquizoide: pouco interesse em interações sociais e emoções associadas a elas, preferindo atividades solitárias;
  • Esquizotípico: apresenta ideias estranhas, como pensamentos mágicos e poderes paranormais, e comportamentos excêntricos, que fogem às convenções sociais normais;
  • Histriônica: comportamentos teatrais, busca por atenção e emoções excessivas;
  • Esquiva: medo extremo de rejeição, evita atividades sociais e grande sensibilidade à crítica;
  • Dependente: necessidade excessiva de ser cuidado e medo de separação.

Qual a diferença entre doença mental e transtorno de personalidade?

Uma doença mental, geralmente, apresenta condições que afetam o funcionamento do campo emocional de uma pessoa, como depressão, ansiedade ou esquizofrenia. Por outro lado, um transtorno de personalidade é mais crônico e afeta o comportamento ao longo do tempo. 

Assim, as doenças mentais podem ser episódicas, ou seja, ocorrem em momentos específicos, e podem estar relacionadas a desequilíbrios químicos no cérebro, fatores genéticos, traumas ou estressores ambientais.

Já as alterações de personalidade envolvem padrões inflexíveis de pensamento e comportamento, que se desviam das expectativas culturais e interferem no funcionamento social e profissional.

Ou seja, ao contrário das doenças mentais episódicas, os transtornos de personalidade tendem a ser mais permanentes ao longo do tempo, embora possam ser atenuados com o tratamento adequado.

Como saber se uma pessoa tem transtorno de personalidade?

Existem alguns sinais comuns que podem indicar a presença de um transtorno de personalidade, veja só:

  1. Observar se a pessoa apresenta comportamentos diferentes do comum ao longo do tempo, que são inflexíveis e não adaptáveis às diferentes situações;
  2. Atentar-se para os relacionamentos tumultuados, instáveis ou marcados por conflitos frequentes;
  3. Observar comportamentos impulsivos, explosões emocionais ou mudanças frequentes de humor;
  4. Analisar se ela evita situações sociais ou, ao contrário, busca constantemente atenção e validação dos outros;
  5. Avaliar se o pensamento é distorcido, possui crenças irracionais ou interpretações inadequadas da realidade.

De fato, identificar um transtorno de personalidade em alguém pode ser desafiador, pois muitos dos sintomas são confundidos com características da personalidade comum ou de outras questões mentais. 

Por isso, o mais importante — e recomendado — é que apenas um profissional de saúde mental qualificado faça o diagnóstico, com base em uma avaliação completa da história clínica, comportamentos observados e sintomas relatados.

Como funciona o diagnóstico de transtornos de personalidade?

Profissionais de saúde mental, como psiquiatras ou psicólogos, são responsáveis por fazer o diagnóstico de transtornos de personalidade, por meio de uma avaliação clínica completa, incluindo:

  1. Entrevista: o profissional faz perguntas ao paciente para entender seus sintomas, história médica pessoal e familiar, e eventos de vida, a fim de identificar quais são os pensamentos, emoções e comportamentos mais frequentes;
  2. Avaliação dos critérios diagnósticos: usando as orientações estabelecidas nos manuais de classificação, como o DSM-5 ou a CID-10, o profissional avalia se o paciente atende aos critérios para um ou mais transtornos de personalidade;
  3. Observação do comportamento: além das informações fornecidas pelo paciente, o especialista pode observar o comportamento dele em diferentes contextos para avaliar a consistência dos padrões de personalidade e como eles afetam a vida diária;
  4. Testes psicológicos: em alguns casos, utiliza-se testes para complementar a avaliação clínica e ajudar a confirmar um diagnóstico de transtorno de personalidade;
  5. Avaliação diferencial: o especialista também pode realizar uma avaliação mais específica, para descartar outras condições médicas ou psiquiátricas que possam estar contribuindo para os sintomas do paciente.

Quais os tratamentos para transtornos de personalidade?

O tratamento dos transtornos de personalidade geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir:

  • Psicoterapia: principalmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a terapia dialética-comportamental (TDC), para ajudar os pacientes a entender e mudar padrões disfuncionais de comportamento associados;
  • Medicamentos: em alguns casos, remédios podem auxiliar no tratamento de sintomas relacionados ao transtorno, como depressão, ansiedade ou impulsividade, como um complemento à terapia;
  • Internação: em situações de crise — quando o paciente representa um risco para si mesmo e aos outros — a hospitalização pode ser necessária para garantir a segurança e fornecer tratamento intensivo;
  • Grupos de apoio: pode ser útil por ser um ambiente de suporte para compartilhar experiências, aprender habilidades e se conectar com outras pessoas que enfrentam desafios semelhantes;
  • Tratamento integrado: na maioria das vezes, combinar as diferentes modalidades é o mais assertivo a fazer no manejo dos transtornos de personalidade, de acordo com a realidade de cada paciente.

Perguntas frequentes

Veja, agora, as respostas para as dúvidas mais comuns sobre os transtornos de personalidade:

Quais são os tipos de transtornos de personalidade?

Os 10 transtornos de personalidade mais conhecidos são Borderline, Paranoide, Antissocial, Obsessivo-Compulsivo, Narcisista, Esquizoide, Histriônica, Esquiva, Dependente e Esquizotípico.

Quais são os 4 tipos de borderline?

Os 4 tipos de Borderline incluem Limítrofe, Implícito, Explosivo e Oculto. Cada subtipo tem características distintas que podem variar em gravidade e apresentação clínica.

O que é transtorno específico de personalidade?

O transtorno específico de personalidade inclui padrões de comportamento, pensamento e emoção diferentes do que é esperado socialmente e afetam a vida da pessoa.

Conclusão

Você viu como os transtornos de personalidade são condições complexas que afetam a qualidade de vida das pessoas, em seus relacionamentos, trabalho e bem-estar emocional. 

Entender os tipos de transtornos de personalidade é um passo importante para uma maior conscientização em relação a essas condições. Com esse conhecimento, é possível oferecer apoio para aqueles que sofrem com os transtornos, ajudando-os a levar uma vida mais tranquila e feliz.

Lembramos sempre a importância de procurar especialistas na área de saúde mental para embasar um diagnóstico conjunto e, assim, atuar de forma mais eficaz no tratamento.

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