Transtorno de compulsão alimentar: o que é, principais causas e a saúde mental
- Larissa Speck
- 10/12/2024
- Tempo: 8 minutos
O transtorno de compulsão alimentar é uma condição que afeta a saúde física e mental de milhares de brasileiros. Seus impactos se estendem por diferentes aspectos da vida, alterando relacionamentos, rotinas e a percepção de si mesmo.
Os sintomas de compulsão alimentar interferem diretamente no bem-estar das pessoas afetadas, podendo resultar em graves problemas de saúde e mudanças no comportamento social.
Compreender esse transtorno é o primeiro passo para buscar ajuda especializada e iniciar o processo de recuperação. Por isso, aqui, você encontrará informações completas sobre as causas, as manifestações e as formas de tratamento dessa condição.
Boa leitura!
Sumário
O que é o transtorno de compulsão alimentar?
O transtorno de compulsão alimentar é uma alteração grave no comportamento alimentar, caracterizada por episódios recorrentes de ingestão excessiva de alimentos em curtos períodos, que ultrapassam os limites da fome fisiológica.
O impacto psicológico dessa condição se revela através de sentimentos profundos de culpa, angústia, vergonha e autodepreciação após as crises.
Essa sobrecarga emocional pode desencadear ou intensificar quadros de ansiedade e depressão, criando um ciclo prejudicial à saúde mental do paciente.
Diferentemente das variações naturais de apetite, o padrão alterado se destaca pela sua regularidade e intensidade.
Para o diagnóstico, os episódios precisam ocorrer, em média, uma vez por semana por, pelo menos, três meses, causando interferências na rotina e comprometendo a qualidade de vida do indivíduo.
Quais são os transtornos de compulsão alimentar?
Além do transtorno de compulsão alimentar, existem outras manifestações que precisam ser compreendidas para um diagnóstico preciso e tratamento adequado, como a anorexia, bulimia e a ortorexia.
Cada uma dessas condições, também chamadas de distúrbios alimentares, apresenta sinais e sintomas específicos. Conheça os principais tipos:
- Anorexia nervosa: caracterizada pela restrição severa da alimentação, medo intenso de ganhar peso e distorção da autoimagem. Pessoas com essa condição costumam ter um peso muito abaixo do considerado saudável;
- Bulimia nervosa: marcada por episódios de compulsão seguidos por comportamentos compensatórios inadequados, como vômitos autoinduzidos, uso de laxantes ou exercícios físicos excessivos;
- Ortorexia: obsessão por alimentação considerada “pura” ou saudável, levando a restrições alimentares severas e isolamento social devido aos hábitos alimentares rígidos.
Embora esses transtornos compartilhem algumas características, como a preocupação exagerada com alimentação e peso, eles se diferenciam de outros problemas alimentares pela intensidade, frequência e impacto na vida do paciente.
Enquanto as alterações temporárias nos hábitos alimentares podem ocorrer em momentos de estresse ou mudanças na rotina, os transtornos alimentares são condições persistentes que necessitam de tratamento e acompanhamento médico.
O que gera compulsão alimentar?
As causas da compulsão alimentar passam por múltiplos aspectos da vida da pessoa, desde sua constituição biológica até suas experiências sociais e emocionais. A interação entre predisposição genética, fatores ambientais e psicológicos podem desencadear o desenvolvimento do transtorno.
Nesse sentido, o ambiente familiar e social exerce forte influência no surgimento dessa condição.
A exposição constante a dietas restritivas, comentários negativos sobre o corpo e padrões alimentares irregulares durante a infância e adolescência podem alterar a relação da pessoa com a comida.
Soma-se a isso o impacto das redes sociais e da mídia, que frequentemente promovem padrões corporais irreais e práticas alimentares questionáveis.
Aspectos biológicos também interferem no comportamento alimentar, ao alterar os níveis de neurotransmissores como serotonina e dopamina, que afetam os mecanismos de recompensa e saciedade.
Da mesma maneira, os desequilíbrios hormonais, principalmente relacionados ao cortisol – hormônio do estresse – podem intensificar a busca por alimentos altamente calóricos como forma de autorregulação emocional.
Além disso, a ansiedade e depressão frequentemente se entrelaçam com os padrões alimentares compulsivos, onde o alimento se torna uma ferramenta para lidar com as emoções.
Segundo Jônatas de Oliveira, pesquisador em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP, a compulsão alimentar é o transtorno alimentar mais comum no Brasil e alerta para o aumento alarmante de casos entre os jovens nos últimos anos.
Diante desse cenário, reconhecer os fatores desencadeantes e buscar ajuda profissional são passos determinantes para quebrar o ciclo da compulsão e desenvolver uma relação mais saudável com a alimentação.
Como diagnosticar TCAP?
O processo de diagnóstico do Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) requer uma avaliação clínica e comportamental por profissionais especializados e uma equipe multidisciplinar composta por psiquiatras, psicólogos e nutricionistas.
A investigação inclui o histórico médico do paciente, análise psicológica e exames físicos complementares. Os critérios para o diagnóstico são estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Eles incluem:
- Episódios recorrentes de compulsão alimentar;
- Sensação de falta de controle durante os episódios;
- Angústia significativa relacionada ao comportamento;
- Ocorrência dos episódios ao menos uma vez por semana por três meses;
- Ausência de comportamentos compensatórios inadequados, como bulimia nervosa.
A avaliação multidisciplinar, envolvendo psiquiatria e transtornos alimentares, bem como nutrição e psicologia, permite uma compreensão ampla do quadro.
Nesse sentido, o teste farmacogenético pode ser um bom aliado para esses profissionais, auxiliando na escolha da medicação mais adequada, quando necessária, minimizando efeitos colaterais e otimizando a resposta ao tratamento para compulsão alimentar.
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O que pode ser confundido com transtorno alimentar?
Muitas condições podem apresentar sintomas que se assemelham aos transtornos alimentares, o que torna o diagnóstico uma etapa minuciosa. Entre as situações mais comuns estão:
- Distúrbios hormonais: alterações na glândula tireoide, por exemplo, podem provocar mudanças no apetite, no metabolismo e afetar diretamente o funcionamento do organismo, causando alterações no peso e na relação com a alimentação;
- Ansiedade: pessoas com essa condição frequentemente modificam sua relação com a comida, seja comendo mais ou menos que o habitual. No entanto, essas alterações tendem a se normalizar quando o quadro ansioso é tratado;
- Comer emocional: se caracteriza por alterações pontuais no comportamento alimentar em resposta a situações específicas de estresse ou emoções intensas.
Enquanto algumas condições podem ser transitórias ou secundárias a outros quadros, os distúrbios alimentares constituem situações que demandam tratamento contínuo, envolvendo diferentes abordagens terapêuticas para sua recuperação.
Conclusão
Saber identificar os sinais do transtorno de compulsão alimentar e buscar o tratamento correto o quanto antes ajudará a reduzir os impactos na saúde física e emocional do paciente.
Nesse sentido, contar com o apoio de profissionais especializados é um passo importante para quem enfrenta a condição. Esse suporte ajuda a entender as causas e a desenvolver estratégias para superar os desafios diários.
Para um tratamento personalizado, considere os testes farmacogenéticos da GnTech, que ajudam a identificar a medicação apropriada e a alcançar uma resposta terapêutica mais satisfatória e ajustada às suas necessidades.
Perguntas frequentes
Confira, a seguir, as respostas para as dúvidas mais comuns sobre transtorno de compulsão alimentar.
O diagnóstico é realizado através de avaliação clínica baseada em alguns critérios, como episódios recorrentes de ingestão excessiva de alimentos em curto período, com perda de controle e sofrimento significativo, entre outros.
O diagnóstico de compulsão alimentar é feito por psiquiatras ou psicólogos clínicos especializados em transtornos alimentares ou por uma equipe multidisciplinar que pode incluir nutricionistas.
A compulsão alimentar é um comportamento esporádico de comer excessivamente, enquanto transtorno alimentar é um termo mais amplo, que pode envolver condições como anorexia, bulimia e TCAP.
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