Sinais de depressão: tipos, principais sintomas, mitos e verdades
- Guido Boabaid
- 19/11/2024
- Tempo: 11 minutos
Os primeiros sinais de depressão, transtorno mental que afeta muitas pessoas em todo o mundo, podem ser sutis e facilmente confundidos com estresse ou momentos passageiros de tristeza.
No entanto, reconhecer esses indicadores precocemente, como a intensidade, a frequência e a persistência, é de extrema importância para buscar apoio e receber o tratamento adequado.
Por isso, este conteúdo tem como objetivo elucidar os principais sintomas, o impacto da doença na vida cotidiana e esclarecer mitos e verdades em torno desse assunto.
Continue a leitura para aprofundar seu entendimento sobre este importante tema de saúde mental!
Sumário
O que causa a depressão?
As causas da depressão podem variar de pessoa para pessoa, envolvendo aspectos genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos. Compreender essas influências é uma ação determinante para o diagnóstico e tratamento adequados.
Como fatores que podem influenciar a predisposição à depressão, temos:
- O histórico familiar da doença, que é considerado um marcador de risco, embora ter parentes com depressão não signifique necessariamente que a pessoa irá desenvolver o transtorno;
- Certas alterações biológicas no cérebro, como desequilíbrios químicos, especialmente envolvendo neurotransmissores como serotonina, noradrenalina e dopamina;
- Mudanças hormonais, como as que ocorrem durante a gravidez ou menopausa;
- Experiências traumáticas e eventos como a perda de um ente querido, divórcio, desemprego, abuso físico ou emocional podem ser gatilhos para o início de sintomas depressivos;
- Estresse crônico pode aumentar a vulnerabilidade à doença;
- Baixa autoestima, pensamentos negativos recorrentes e dificuldades em lidar com situações adversas.
No entanto, é importante lembrar que qualquer pessoa pode ser afetada, independentemente de sua história ou circunstâncias de vida.
Diante dessa complexidade, o teste farmacogenético é uma ferramenta que auxilia na personalização do tratamento para depressão.
O exame analisa o perfil genético do paciente para identificar como seu organismo metaboliza diferentes medicamentos.
Consequentemente, com essas informações, os médicos podem selecionar os antidepressivos mais adequados e ajustar as dosagens de acordo com as características individuais, para aumentar as chances de eficácia do tratamento e reduzir possíveis efeitos colaterais.
No vídeo a seguir, o psiquiatra Dr. Guido Boabaid May traz uma perspectiva esclarecedora sobre este transtorno. Confira:
Quais são os 8 tipos de depressão?
Para se chegar a um diagnóstico de depressão preciso e escolher o tratamento mais adequado, é necessário reconhecer os oito principais tipos da doença. São eles:
- Transtorno depressivo maior (TDM): caracterizada por sintomas intensos que persistem por pelo menos duas semanas, afetando o dia a dia da pessoa. Inclui humor deprimido, perda de interesse em atividades antes prazerosas e alterações no sono e apetite;
- Distimia ou Transtorno depressivo persistente (TDP): é uma forma crônica da doença, com sintomas menos intensos, mas que duram por dois anos ou mais e pode incluir períodos de depressão maior;
- Transtorno bipolar: alterna entre episódios depressivos e mania, com períodos de energia e humor elevados. Durante a fase baixa, os sintomas são semelhantes aos da depressão maior;
- Depressão sazonal: ocorre em determinadas épocas do ano, geralmente no inverno. Está relacionada à diminuição da exposição à luz solar e pode melhorar naturalmente com a mudança de estação;
- Depressão pós-parto: afeta algumas mulheres após o nascimento de um filho. Os sintomas podem variar de leves a severos e incluem tristeza intensa, ansiedade e dificuldades para criar vínculo com o bebê;
- Transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM): caracterizado por sintomas depressivos que ocorrem na semana anterior à menstruação e melhoram com o início do fluxo menstrual;
- Depressão psicótica: combina sintomas de depressão com alucinações ou delírios. As pessoas podem experimentar pensamentos irreais, ver ou ouvir coisas que não existem;
- Depressão atípica: apresenta sintomas que diferem da depressão típica, como aumento do apetite e do sono, sensibilidade à rejeição e melhora temporária do humor em resposta a eventos positivos.
Cada variação da doença requer uma abordagem específica de tratamento. A psicoterapia, combinada ou não com medicação, pode ser uma grande aliada para ajudar as pessoas a lidarem com seus sintomas e desenvolver estratégias de enfrentamento em grande parte dos casos.
Quais são os sinais de depressão?
Os sinais de depressão geralmente se desenvolvem de forma gradual, e podem variar de pessoa para pessoa. Contudo, existem alguns indicadores comuns que merecem atenção.
Confira seus principais sinais e sintomas:
- Alterações de humor e comportamento: sensação de tristeza persistente e irritabilidade sem motivos aparentes;
- Retração social: diminuição súbita no desejo de interagir com outras pessoas, incluindo amigos e familiares;
- Anedonia: falta de prazer em atividades cotidianas e perda de interesse em hobbies antes apreciados;
- Alterações nos hábitos alimentares: mudanças significativas, como comer em excesso ou perda de apetite;
- Problemas de sono: insônia, despertares frequentes durante a noite ou hipersonia (dormir demais);
- Fadiga excessiva: sensação constante de cansaço e exaustão, mesmo após o descanso;
- Dificuldades de concentração: problemas para manter o foco e “mente nebulosa”;
- Sentimentos negativos profundos: sensações de desesperança, inutilidade e culpa excessiva;
- Pensamentos suicidas ou de autoagressão: ideias recorrentes sobre morte ou desejo de ferir a si mesmo.
Se você ou alguém próximo apresentar um conjunto desses sintomas por mais de duas semanas, é indispensável buscar ajuda profissional. Um psicólogo ou psiquiatra poderá realizar uma avaliação adequada e recomendar o melhor curso de ação.
É importante ressaltar que a presença de um ou alguns desses sinais não necessariamente indica depressão, mas a persistência e intensidade são fatores a serem considerados.
Para uma compreensão mais aprofundada sobre assunto, não deixe de assistir ao vídeo a seguir:
Qual exame detecta depressão?
Não existe um exame específico para detectar a depressão clínica. O diagnóstico envolve uma avaliação multidisciplinar realizada por profissionais de saúde mental.
O processo geralmente começa com uma consulta com um psiquiatra ou psicólogo, que investigará os sintomas, o histórico médico e as experiências pessoais do paciente.
Em alguns casos, exames laboratoriais podem ser solicitados para descartar outras condições que podem mimetizar sintomas do transtorno, como problemas na tireoide ou deficiências vitamínicas.
Embora não exista um teste definitivo para a depressão, há ferramentas que auxiliam no tratamento após o diagnóstico, como o teste farmacogenético PsicoGene Pro, da GnTech, que analisa o perfil genético da pessoa para identificar como seu organismo metaboliza antidepressivos.
Este teste apresenta informações para personalizar o tratamento, auxiliando na escolha medicamentosa mais apropriada e no ajuste de doses conforme a genética do paciente.
9 mitos e verdades sobre a depressão
Para esclarecer algumas concepções errôneas e confirmar fatos importantes, listamos alguns mitos e verdades sobre esse transtorno mental que merecem nossa atenção. Confira!
1. Falar sobre depressão só a piora – Mito
Falar sobre a doença é o primeiro passo para obter ajuda e apoio. O isolamento, bem como, o silêncio podem piorar os sintomas. Assim, conversar com amigos, familiares ou um profissional de saúde mental pode ser incrivelmente benéfico. É importante lembrar que você não está sozinho e que muitas pessoas estão dispostas a ajudar.
2. Exercícios ajudam no tratamento – Verdade
Pesquisas revelam que a prática regular de exercícios pode ajudar a aliviar os sintomas da doença e pode ser igualmente eficaz que certos medicamentos para indivíduos que sofrem de depressão leve a moderada. Além disso, a realização de atividades físicas em grupo ou com um amigo próximo contribui para a socialização e atua como um estimulante positivo para o estado de ânimo.
3. Medicamentos são a única opção de tratamento – Mito
Embora medicamentos possam ser eficazes no tratamento da depressão, eles não são a única opção. A terapia, como a terapia cognitivo-comportamental, pode ser altamente eficaz no tratamento da condição a nível leve a moderada. Além disso, mudanças no estilo de vida, como exercícios regulares, alimentação saudável e sono adequado, também influenciam no tratamento e na prevenção da doença.
4. A depressão apresenta sintomas físicos – Verdade
A depressão não se restringe apenas ao âmbito mental. Os sintomas físicos frequentemente podem aparecer, sendo eles:
- Dores de cabeça ou no corpo;
- Dificuldades para dormir e sensação de fadiga;
- Desconforto nas costas e no pescoço;
- Sensações de dor muscular e nas articulações;
- Dor no peito;
- Agitação;
- Diminuição da libido;
- Problemas digestivos;
- Variações no apetite;
- Alterações de peso.
5. Depressão é fraqueza – Mito
A depressão não está relacionada à força de caráter. Assim como buscamos um médico em caso de dores ou sintomas físicos, o mesmo deve ser feito com a doença.
Ela é uma doença que precisa de tratamento e que pode afetar qualquer pessoa, independente da personalidade ou idade.
6. A depressão afeta apenas adultos – Mito
A condição pode afetar pessoas de todas as idades, incluindo crianças e adolescentes. Sendo assim, a depressão infantil também é uma realidade.
Inclusive, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de casos em crianças entre 6 e 12 anos aumentou de 4,5 para 8% em uma década.
7. É apenas uma questão de força de vontade e fé – Mito
Sim, o apoio espiritual pode auxiliar muito no tratamento da depressão. No entanto, é uma doença que precisa de tratamento médico e apoio psicológico.
Respeite o espaço e a fé do outro e busque acolher quem sofre com essa condição.
8. Mulheres estão mais propensas a terem depressão – Verdade
A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que a proporção de diagnósticos de transtorno depressivo é de duas mulheres para cada homem. Assim, essa discrepância está associada às significativas flutuações hormonais que as mulheres experimentam ao longo de suas vidas, incluindo os ciclos menstruais e a menopausa.
9. A depressão não afeta pessoas de boa condição financeira – Mito
Sim, o dinheiro é um fator que pode influenciar diretamente na saúde mental. No entanto, a depressão pode afetar qualquer pessoa, independente da classe social ou condição financeira.
Conclusão
Reconhecer os sinais de depressão é o ponto de partida para lidar com essa condição de saúde mental. A identificação precoce desses indicadores pode incentivar a procura por auxílio profissional, permitindo um diagnóstico preciso e o início do tratamento apropriado.
Nesse contexto, os avanços na área da saúde trouxeram várias possibilidades de intervenções individualizadas. Essas abordagens, que englobam desde acompanhamento com psicólogos até o uso de medicamentos, oferecem alternativas para quem enfrenta esse transtorno.
Além disso, disseminar informações sobre a depressão ajuda a reduzir o preconceito ligado a essa condição. Quando a sociedade compreende melhor o assunto, torna-se mais receptiva e solidária com aqueles que passam por essa situação.
Vale ressaltar que a depressão tem tratamento. Caso você ou alguém próximo perceba sinais desse transtorno, procure orientação médica. Admitir que precisa de ajuda é o primeiro passo para a recuperação.
Perguntas frequentes
Veja, a seguir, as respostas para as principais dúvidas sobre depressão.
Os cinco principais sintomas são perda de interesse ou prazer, alterações no sono e apetite, fadiga ou baixa energia, sentimentos de inutilidade e culpa excessiva.
As cinco fases da doença são negação, raiva, negociação, depressão (fase propriamente dita) e aceitação. Elas não são necessariamente lineares e podem variar de pessoa para pessoa.
É uma forma da doença em que os sintomas são mascarados ou suprimidos, tornando difícil sua identificação. A pessoa geralmente parece bem externamente, mas sofre internamente.
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